A minha experiência com a Assistência Auditiva dos AirPods Pro 2

Autor(a) convidado(a)

Luiz Bueno

É professor de Filosofia na FAAP – Centro Universitário Armando Alvares Penteado e coordenador do Núcleo de Filosofia Política do Laboratório de Política, Comportamento e Mídia – Labô, da FUNDASP/PUC-SP. Além de ler e dar aulas, gosta de dar umas corridinhas, ver bons filmes e boas séries com a esposa seguidos de um bom café — e de curtir o netinho.

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Tenho, hoje, 63 anos, mas comecei a perceber que minha audição não era mais a mesma faz algum tempo.

Primeiro, foram mudanças sutis, coisas que eu atribuía naturalmente à idade. Mas depois veio um trauma auditivo — fiquei muito próximo de uma fonte sonora de alto volume — e aí a coisa ficou um pouco mais incômoda. Percebi que minha audição tinha sido afetada em algumas frequências, especialmente naquelas nas quais a voz humana opera.

Como sou professor, isso virou uma questão concreta com a qual eu teria que lidar. Percebi que o som chegava um pouco mais abafado, sem aquela clareza à qual eu estava acostumado. Sendo assim, palavras ou frases que chegavam ofereciam alguma dificuldade para compreensão no plano auditivo.

Foi aí que comecei minha busca por entender melhor a situação. Procurei um médico especializado, fiz o teste de audiometria e, em seguida, conversei com uma fonoaudióloga — o diagnóstico confirmou uma perda auditiva leve a moderada em um dos ouvidos. O caminho proposto era o de usar algum aparelho que oferecesse uma assistência auditiva que compensasse as frequências ausentes. Os especialistas avisaram que os casos leves são até mais difíceis de enfrentar porque dependem de uma precisão maior dos aparelhos. Seguindo a orientação deles, comecei a pesquisar aparelhos auditivos no mercado brasileiro.

Testei talvez quase tudo o que havia disponível no mercado brasileiro — dentre as soluções de qualidade, sendo a maioria absoluta composta por aparelhos fabricados na Europa ou nos Estados Unidos pelas marcas mais renomadas. O que encontrei me desanimou bastante.

Os aparelhos mais baratos entregavam uma qualidade sonora que considerei insatisfatória — não era uma experiência agradável de usar. Os que tinham qualidade aceitável custavam uma fortuna. E todos os modelos externos que testei, mesmo os mais discretos, tinham aquela aparência que me incomodava pelo estigma que evocam. Para mim, isso era um fator importante na decisão.

Os modelos intra-auriculares (de tamanho reduzido, que ficam no canal auditivo e são praticamente invisíveis) tinham limitações tecnológicas importantes, como o uso de baterias não recarregáveis e não serem configuráveis pelo celular. Além da qualidade auditiva que, na minha experiência pessoal, parecia ainda insatisfatória (um som metalizado, às vezes excessivamente agudo, soando muito artificial). De forma geral, os mais baratos ainda eram caros pelo que entregavam e os mais robustos tinham um custo praticamente inviável.

Parti então para o mercado internacional e descobri os aparelhos OTC americanos — aqueles que você compra sem receita médica e configura sozinho. Encontrei um modelo da Jabra que tinha preço razoável, razoavelmente discreto (parece um fone de ouvido comum, dos tipos Bluetooth) e que se configurava pelo celular. A qualidade sonora era mediana, equivalente aos nacionais, mas pelo menos funcionava. Usei por um bom tempo até que a fabricante descontinuou a linha e me deixou na mão…

Foi quando minha esposa me mandou uma notícia sobre a Apple ter desenvolvido e habilitado a função de aparelho auditivo nos AirPods Pro 2. Li várias análises internacionais, incluindo um relato no New York Times de um jornalista que testou satisfatoriamente os fones em um restaurante barulhento — as avaliações eram bem positivas.

Sempre me intrigou a razão de aparelhos auditivos de “tecnologia de ponta” não conseguirem entregar a qualidade de áudio que eu já conhecia em fones de ouvido, como os da Apple. As respostas que recebi dos fabricantes nunca me convenceram. Eles falavam que a qualidade se devia ao processamento sonoro no smartphone para funcionar e o som seria previamente ajustado para ter aquela qualidade, portanto, não sendo um som real. Mas a questão da qualidade final entregue no ouvido não ficava respondida. Cheguei a testar um modelo anterior da Apple com esse objetivo (captação pelo microfone do celular e o som entregue nos fones), mas o delay era terrível — imagine a cena acontecendo na sua frente e o som chegando nos seus ouvidos um ou dois segundos depois. Impraticável!

Os AirPods Pro 2 mudaram isso. Eles processam o áudio internamente, com um chip dedicado que permite processar o som captado nos microfones e reproduzir o som ambiente em tempo real, sem precisar mandar nada para o iPhone e esperar a resposta (o equivalente ao que fazem os aparelhos auditivos dedicados). É possível fazer um teste auditivo pelo celular para que os fones se autoconfigurem segundo as características individuais do usuário. E é possível refazer o teste quando e quantas vezes se quiser para refinar os ajustes. Era exatamente o que eu buscava!

Eu comprei os meus AirPods Pro 2 no final de 2024, mas descobri que a função auditiva só estava liberada nos Estados Unidos. Fiquei um tanto frustrado, mas resolvi aguardar. Cheguei até a escrever para uma senadora que se preocupa com questões de saúde pública e necessidades especiais, pedindo apoio para solicitar à Anvisa a liberação da função (que era basicamente de software). Meus argumentos eram simples: era uma solução equivalente aos aparelhos disponíveis no Brasil, mas infinitamente mais barata.

A Apple sempre deixou claro que a função é para perdas auditivas leves a moderadas – exatamente o meu caso. Para perdas mais severas, aparelhos especializados e acompanhamento profissional continuam sendo necessários. Mas para muita gente, como eu, os AirPods poderiam ser uma alternativa muito mais acessível.

A boa notícia veio este ano: a Anvisa liberou primeiramente o teste auditivo no aparelho, e alguns meses depois, liberou a funcionalidade completa. Finalmente pude experimentar tudo o que os fones ofereciam!

Teste de Audição e Aparelho Auditivo dos AirPods Pro 2 chegam ao Brasil!

Desde então, uso os AirPods diariamente em todas as situações: na sala de aula, em almoços, em restaurantes barulhentos, em reuniões de trabalho, em palestras, no cinema, em casa com a família… o sistema permite fazer e refazer os testes auditivos para chegar ao melhor ajuste. Levei um tempo para me acostumar com a localização das funções nos menus do iOS, mas hoje consigo ajustar tudo rapidamente, conforme a situação. E o melhor: continuo tendo todas as funcionalidades normais dos fones premium da Apple (ouvir música, atender chamadas, etc.).

O resultado final? Minha impressão inicial se confirmou. Em termos de qualidade sonora, os AirPods Pro 2 se equiparam perfeitamente aos melhores aparelhos auditivos tradicionais que eu testei aqui no Brasil. Considerando a qualidade de som dos fones e microfones, a facilidade de configuração e a reconfiguração pelo iPhone, o fato de, visualmente, serem fones de ouvido normais e, finalmente, com preço muito mais acessível comparado às soluções de maior qualidade em aparelhos auditivos, posso dizer que, para quem tem perda auditiva leve a moderada, a solução da Apple é realmente interessante.

Mulher usando AirPods Pro

Como fazer um teste auditivo dos AirPods Pro 2

Uma desvantagem é a duração da bateria dos fones, que não é muito longo: são 6 horas de uso direto. Mas, para mim, é o suficiente para um período de aulas. O estojo oferece recarga para poder usar um tempo maior sem precisar colocar na tomada para recarregar, o que é muito bem-vindo.

Obviamente, como apontei, não é a solução para todos os casos — perdas severas precisam de equipamentos e acompanhamento especializados. Mas para um público que, como eu, precisava de uma assistência auditiva leve, sem grandes complicações, os AirPods Pro 2 se mostraram uma alternativa viável tanto sonora quanto esteticamente — e, em comparação ao custo dos aparelhos tradicionais, bem mais acessível. Afinal, se você tem um iPhone (12 em diante), já tem uma boa parte da solução e do custo cobertos!

Enfim, esta é a minha experiência. Sei que, nesse caso, cada indivíduo tem as suas particularidades e isso sempre demanda uma avaliação de especialistas. Mas, uma vez que o caso seja algo similar ao meu, penso que vale realmente a pena avaliar os AirPods Pro 2 como alternativa. Minha experiência particular tem sido, de fato, muito positiva!


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