Vinde Espírito Paráclito!

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No próximo domingo, a Igreja celebra Pentecostes. Os judeus, nesse dia, comemoravam a festa da colheita e a renovação da Aliança do Sinai. O cristianismo, por razões que conhecemos através dos relatos bíblicos, celebra, 50 dias após a Páscoa, a festa do Espírito Santo, também nomeada, segundo a tradição popular, como a festa do Divino.

O livro dos Atos (At 1, 13-14; 2,1) relata que os apóstolos, nessa data, juntamente com Maria, mãe de Jesus, seus irmãos e algumas mulheres se encontravam reunidos, rezando em um lugar à parte, provavelmente escondidos com medo dos judeus. Embora Jesus tivesse dado mostras de ter ressuscitado, eles ainda estavam desanimados e tristes. Nesse dia, porém, receberam a visita do Espírito Paráclito prometido por Jesus. Essa experiência individual e coletiva os fortaleceu e os encorajou para a missão que haviam recebido: anunciar a Boa-nova do Reino para o mundo.

Convidamos você, que lê este texto, a uma reflexão sobre a palavra Paráclito. A palavra precisa ser conhecida, pois sendo uma expressão grega usada como sinônimo de Espirito Santo, não foi traduzida em muitas versões do Novo Testamento, exatamente pela dificuldade em ser substituída corretamente em seu mais profundo significado. No evangelho de João, capítulo 14, que traz a oração de despedida de Jesus, ela aparece várias vezes, como por exemplo: “Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, é que vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos disse.” (Jo 14,26).

Paraklêtos, em grego, é uma derivação de parakaléo, verbo que nos indica uma ação, percebida como aquela que tira a pessoa de uma situação de deslocamento, isolamento, abatimento, impossibilidade, para colocá-la amorosamente no horizonte da criatividade confiante e responsável. Isso significa, objetivamente, levantar o caído e colocá-lo em pé, pronto a caminhar por si só.

Paráclito é, pois, o mesmo Espírito Santo, o consolador, aquele que, na sua leveza e liberdade, conforta, anima, encoraja, habilita, atrai.

O Espírito Paráclito também é Vento (Jo 3, 8) e esse modo de ser do Espírito está relacionado com a liberdade e com a flexibilidade. Flexibilidade que não pode ser confundida com relativismo ético. Flexibilidade, enquanto maleabilidade, capacidade de adaptação, paciência para suportar tensões sem se romper.

O Espírito ainda é representado pelo Fogo (At 2,3) aquele que aquece, purifica, ilumina, clareando os caminhos escuros, sombrios e nebulosos.

Nesse tempo em que vivemos, quando os sinais de fratura e desalento se sobrepõem aos de harmonia e paz que desejamos, precisamos nos deixar inspirar pelo Paráclito para que se concretize nossa contribuição para um mundo mais justo e humano, menos cruel e doloroso. Temos o costume de rezar muitas vezes pedindo o Espírito Santo, que ele venha sobre nós, que preencha o nosso coração e que acenda nele o fogo do seu Amor. Precisamos realmente crer que, somente esse amor, na sua concretude, poderá vencer a cultura da indiferença e do ódio que nos rodeia, permitindo a renovação da face da terra, uma renovação que traga a justiça e a paz necessárias para uma vida que faça sentido.

 

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