Um barraco envolvendo o presidente norte-americano Donald Trump e o bilionário Elon Musk derrubou em mais de 14% as ações da Tesla na última quinta-feira, 5.
Apesar da briga ter escalado por conta de posts nas redes sociais, a relação dos antigos aliados já estava estremecida desde a adoção do chamado tarifaço pelo presidente norte-americano, que vem aumentando tarifas de exportação para diversos países do mundo para tentar fortalecer a indústria dos Estados Unidos.
Em abril, Musk chamou o economista Peter Navarro, o arquiteto da guerra tarifária lançada pela Casa Branca, de “imbecil” e que o economista era “tão burro quanto um saco de tijolos”. Desde esse episódio era possível perceber um certo abalo no “bromance” entre Trump e Musk, seu principal doador na campanha de 2024.
Em maio, o CEO da Tesla afirmou que estava se distanciando da Casa Branca para se dedicar 24 horas por dia às suas empresas.
“De volta a passar 24 horas por dia, 7 dias por semana no trabalho e a dormir em salas de conferências, servidores e fábricas”, escreveu o empresário no X.
Musk associa Trump a Jeffrey Epstein
O auge da briga entre os dois aconteceu nesta quinta-feira, 5, e teve como pano de fundo um projeto de lei de Trump que inclui o corte de grandes isenções fiscais e mais investimentos na área de defesa.
Ambos usaram as suas redes sociais, X e Truth, para escalarem o bate boca.
Musk argumentou que a legislação aumentaria o déficit orçamentário dos EUA, e atolaria os americanos em dívidas. Ele também advertiu os republicanos que apoiaram, ou planejam apoiar, o projeto de lei que “nós vamos demitir todos os políticos que traíram o povo americano” nas eleições de meio de mandato do próximo ano.
Exactly https://t.co/ulRHCYTfsU
— Elon Musk (@elonmusk) June 5, 2025
“Isso mais do que anula todas as economias conquistadas pela equipe do Doge com grande custo e risco pessoal”, escreveu Musk. O bilionário foi o maior doador republicano na campanha eleitoral de 2024 e foi figura central no plano de corte de custos do Departamento de Eficiência Governamental, o Doge.
Musk chegou a endossar uma mensagem que pedia o impeachment de Trump e associou o presidente ao notório pedófilo Jeffrey Epstein.
Time to drop the really big bomb:@realDonaldTrump is in the Epstein files. That is the real reason they have not been made public.
Have a nice day, DJT!
— Elon Musk (@elonmusk) June 5, 2025
Trump quer corte de subsídios a carros elétricos
Em resposta, Trump afirmou que Musk teria “enlouquecido” quando foi pedido para que ele deixasse o governo. O mandatário também afirmou, na rede social Truth, que o empresário não teria gostado de cortes de subsídios para carros elétricos, que interferiria diretamente Musk.
“Elon estava se ‘desgastando’, pedi que fosse embora”, disse Trump em sua plataforma, Truth Social. “A forma mais fácil de economizar dinheiro em nosso orçamento, bilhões e bilhões de dólares, é rescindir os subsídios e contratos governamentais de Elon”, acrescentou.
O projeto de lei orçamentária propõe, em grande parte, o fim do subsídio de US$ 7.500 para veículos elétricos até o final de 2025. A Tesla e outras montadoras têm contado há anos com esses incentivos para estimular a demanda, mas Trump prometeu, durante a transição, acabar com o subsídio.
Tesla perde duas Petrobras de valor de mercado
A briga acabou jogando para baixo as ações da Tesla. A empresa perdeu em um só dia US$ 153 bilhões em valor de mercado, o equivalente a duas Petrobras.
A SpaceX e a Starlink, outras empresas de Musk, dominam seus respectivos mercados, mas também estão sob intenso escrutínio por causa da relação de Musk com Trump.
As ações da Tesla caíram 12% desde 27 de maio, praticamente coincidindo com sua decisão de se afastar das atividades em Washington. As perdas se aceleraram nesta quinta-feira, quando 100 milhões de ações mudaram de mãos, quase o volume diário dos últimos 100 dias.
Incluindo as perdas desta quinta-feira, as ações da Tesla acumulam queda de 25% este ano. Com o tombo, a Tesla caiu da 8ª posição para a 9ª no ranking das maiores empresas dos EUA.
Com informações da Reuters e da Deutsche Welle.
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