O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Energia Elétrica nos Municípios de Paraty e Angra dos Reis (Stiepar) publicou nesta semana uma carta aberta contra a atual gestão da Eletronuclear. No centro da disputa, estão os planos de corte de gastos implementados pelo atual comando da empresa para construção de Angra 3.
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Os trabalhadores citam nominalmente em suas queixas o atual presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo, e o diretor de gestão administrativa, Sidnei Bispo, indicados pelo atual ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Já a empresa, em nota, diz ainda que “todas as decisões da empresa são tomadas pela diretoria executiva, composta por cinco diretores, em regime colegiado — e não por iniciativa individual de qualquer um de seus membros”.
Corte de gastos
Com um plano de contingência, a gestão da Eletronuclear afirma que alcançará independência financeira e poderá assim finalizar a construção da terceira usina nuclear.
Em nota, a empresa acusa o sindicato de desconhecer a atual situação financeira da companhia e, por conta disso, não reconhecer os esforços da gestão para que seja alcançada uma independência em relação ao Tesouro Nacional.
“Se esse desequilíbrio não for urgentemente sanado, a empresa não terá geração de caixa suficiente para honrar seus compromissos, tornando-se dependente da União, e drenando importantes recursos de áreas prioritárias para o país como saúde e educação”, afirma a Eletronuclear em nota.
Já o sindicato defende um plano que envolva a revisão da dívida. “A Eletronuclear paga de juros da dívida quase o mesmo que gasta para remunerar seu quadro de funcionários. Essa condição tem arrastado a Eletronuclear para dificuldade financeira, e mesmo assim em 2023 (318 mi) e 2024 (254 mi) a empresa soma mais de meio bilhão em lucro liquido”, diz o Stiepar.
Usina Angra 3, da Eletronuclear, está paralisada desde 2015
O projeto do Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto foi elaborado na década de 1980 com a previsão de três usinas nucleares em Angra dos Reis. Em 1997, a Eletronuclear surgiu em 1997, como uma subsidiária da Eletrobras, para administrar o complexo.
Desde 2015, no entanto, a construção da terceira usina foi paralisada. No centro do problema, está justamente uma dívida contraída para que erguer Angra 3, que até hoje não está em funcionamento.
“A atual gestão, através de um plano de austeridade, conseguiu reduzir 500 milhões no orçamento previsto, 38% acima do previsto pela ANEEL, mas revertendo a tendência de crescimento do déficit. Para 2025 e 2026, está previsto o corte de mais R$ 500 milhões em gastos”, defende a usina em nota.
Já os funcionários sentem-se prejudicados pela atual política, e acusa os gestores de causar conflitos com os empregados ao apontá-los como parte dos problemas financeiros da empresa. “Ao longo de pouco mais de 1 ano a atual gestão atacou empregados, negou direitos já contratados, inclusive expondo esses à opinião pública como privilegiados”, diz o Stiepar.
Entre 8 de abril e 11 de maio de de 2025, uma greve dos funcionários da Eletronuclear demorou quase um mês para chegar um acordo, o que revela o nível do atual desalinhamento entre os trabalhadores e a gestão. A principal reivindicação dizia respeito a reajuste salarial.
O acordo coletivo fechado, no entanto, ainda não encerrou as disputas.
O post Plano da Eletronuclear para retomada de Angra 3 enfrenta oposição dos trabalhadores; entenda apareceu primeiro em ISTOÉ DINHEIRO.