Brasil tem ‘contra ataque estratégico’ no varejo, diz especialista

Fonte: arquivo pessoal

O cenário econômico global em 2025 causa mais volatilidade do que analistas esperavam. A guerra tarifária empreendida pelo presidente norte-americano, Donald Trump, foi o estopim de uma expansão do varejo chinês para territórios além dos EUA. Aplicativos como TikTok já se adaptam com uma nova sessão de vendas, e mais empresas anunciam investimentos bilionários no país.

Já estabelecidas como concorrentes de mercados consolidados, Shein e Shoppe são as novas marcas que o consumidor brasileiro já se acostuma a ver em publicidades e entre as opções de compras diárias. O cenário tende a se intensificar ainda mais com a chegada da Meituan, concorrente do iFood no setor de entregas, e o retorno da 99, aplicativo controlado pela chinesa DiDi Global.

Vitor Yeung, advogado especialista no setor de varejo, alerta que a chegada de novos players com novas estratégias de venda promete não só elevar a concorrência, mas mudar a experiência de compra do consumidor, para algo mais interativo e impulsivo.

Apesar da advertência, ele enxerga uma propriedade natural de qualquer mercado consolidado: a adaptação. Yeung aposta em uma resposta rápida e eficiente entre os protagonistas nacionais.

“Ao combinar suas malhas logísticas, cria-se uma rede extremamente distribuída, capaz de reduzir custos, acelerar entregas e ampliar a capilaridade, inclusive em regiões menos atendidas.”

Confira a entrevista completa aqui:

Como a entrada do TikTok Shop no mercado brasileiro pode impactar a experiência de compra online e influenciar o comportamento do consumidor em redes sociais?

A chegada do TikTok Shop ao Brasil transforma a experiência de compra online ao mesclar entretenimento e consumo. O modelo de shoppertainment (compras impulsionadas por vídeos e lives) torna a jornada de compra mais dinâmica, interativa e impulsiva. 

As plataformas de e-commerce já usavam as redes sociais por meio de seus influenciadores para promover os seus produtos. Mas agora o próprio TikTok (por meio do TikTok Shop) terá o seu próprio marketplace, concorrendo diretamente com os seus antigos clientes. 

De que maneira a parceria entre Uber e iFood pode reestruturar o ecossistema logístico do varejo brasileiro e enfrentar a concorrência de plataformas asiáticas como Meituan, Shein e Shopee?

A parceria entre Uber e iFood pode ser um divisor de águas no varejo brasileiro. Ao combinar suas malhas logísticas — focadas, respectivamente, no delivery de restaurantes (iFood) e no transporte de pessoas e mercadorias (Uber) — cria-se uma rede extremamente distribuída, capaz de reduzir custos, acelerar entregas e ampliar a capilaridade, inclusive em regiões menos atendidas.

Esse movimento pode ser interpretado como um “contra-ataque” estratégico diante da chegada da empresa chinesa Meituan, que atuará no Brasil sob a marca Keeta e faz parte do grupo DiDi, controlador da 99 (concorrente da Uber).

Quais são os principais desafios e oportunidades para os varejistas nacionais ao integrar mecanismos de inteligência artificial, como os utilizados pelo Magazine Luiza, em suas plataformas de comércio eletrônico?

A lA possibilita análises preditivas d e comportamento do consumidor,
melhorando estratégias de precificação e campanhas de marketing. Além disso, a
automação d e processos logísticos, como roteirização d e entregas, reduz custos e prazos, fortalecendo a competitividade no e-commerce.

Para varejistas nacionais, isso representa uma oportunidade de s e equiparar a players globais, atraindo e fidelizando clientes em um mercado altamente competitivo.

Os principais desafios incluem o alto investimento inicial em tecnologia e
infraestrutura, especialmente para pequenos e médios varejistas. Há também a necessidade de compliance com a Lei Geral de Proteção d e Dados (LGPD), que exige transparência no uso de dados pessoais e consentimento explícito dos consumidores.

A integração de lA demanda equipes qualificadas para implementação e manutenção, o que pode ser um obstáculo em um mercado com escassez de profissionais especializados.

Como o varejo brasileiro pode conciliar inovação tecnológica com inclusão digital, especialmente em regiões com menor acesso à internet de qualidade?

Conciliar inovação tecnológica com inclusão digital exige u m a abordagem estratégica e socialmente responsável. Primeiro, varejistas podem investir em soluções de baixo consumo de dados, como aplicativos leves ou plataformas otimizadas para conexões lentas, garantindo que consumidores em áreas rurais ou periferias com acesso limitado à internet de qualidade possam realizar compras online.

Parcerias com operadoras de telecomunicações para oferecer pacotes d e dados acessíveis o u acesso gratuito a plataformas d e e-commerce, como já ocorre e m alguns marketplaces, são outra solução viável.

Em que medida o uso de influenciadores digitais e criadores de conteúdo no TikTok Shop pode redefinir as estratégias de marketing e vendas no varejo nacional?

A integração d e compras diretas e m vídeos e lives permite uma jornada d e compra
simplificada, com 80% dos usuários acessando a plataforma diariamente, criando
oportunidades para campanhas virais e engajamento autêntico.

Isso redefine estratégias de marketing ao priorizar formatos interativos e visuais, que ressoam com gerações mais jovens, como a Gen Z, que valorizam autenticidade e rapidez.

No entanto, desafios logísticos, como eficiência de entrega, e questões de confiança na
plataforma, especialmente com a isenção inicial de taxas por três meses (limitada a R$ 58 mil por vendedor), podem impactar a adoção.

Do ponto de vista jurídico, é essencial que parcerias com influenciadores sigam as diretrizes do Conselho Nacional d e Autorregulamentação Publicitária (CONAR), que exige clareza na identificação de conteúdo patrocinado.

Contratos bem redigidos entre varejistas e influenciadores devem prever obrigações relacionadas à transparência, propriedade intelectual e proteção de dados, especialmente considerando a LGPD.

A adoção de inteligência artificial no varejo pode substituir empregos tradicionais ou criar novas funções? Como o setor está se preparando para essa transição?

Tarefas repetitivas, como atendimento básico ao cliente (substituído por chatbots), gestão de estoques (automatizada por sistemas preditivos) e análise de dados (realizada por algoritmos) estão sendo gradualmente substituídas. Isso pode reduzir a demanda por cargos operacionais de baixa qualificação, como atendentes de call center ou estoquistas.

Por outro lado, a IA cria novas funções, como analistas de dados, especialistas em machine learning, gestores de experiência do cliente e profissionais de cibersegurança, que demandam maior qualificação. 

A automação, especialmente em logística e e-commerce, pode liberar trabalhadores para tarefas estratégicas e criativas, aumentando a produtividade, mas há riscos de desemprego estrutural e aumento das desigualdades sociais, especialmente para quem não tem acesso a educação ou treinamento.

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