Em uma sofisticada operação criminosa que atravessa continentes, quadrilhas especializadas no Brasil estão enviando iPhones roubados para a China, onde os dispositivos são revendidos ou desmontados em centros clandestinos de tecnologia.
A rede envolve rotas logísticas complexas, técnicas de engenharia social e movimenta bilhões de reais, colocando o país entre os principais fornecedores desse lucrativo mercado ilegal asiático.

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Como funciona o esquema de envio
A prática foi revelada em investigações conduzidas por veículos como o Financial Times, que identificou o edifício Feiyang Times, em Shenzhen, como um dos centros mundiais de comércio de iPhones roubados. Dispositivos oriundos do Brasil, assim como de outros países, são exportados e, muitas vezes, desmontados para revenda de componentes.
Em Hong Kong, a ausência de tarifas pesadas para eletrônicos facilita a chegada desses produtos, que seguem rapidamente para Shenzhen. O distrito de Kwun Tong, em especial, abriga centenas de atacadistas de dispositivos usados, onde muitos desses iPhones são adquiridos e enviados para o desmonte.

O impacto do crime no Brasil
O Brasil, infelizmente, figura entre os países mais afetados por esse tipo de crime. De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, entre junho de 2023 e junho de 2024, mais de 14,7 milhões de brasileiros foram vítimas de roubo ou furto de celulares, gerando prejuízo superior a R$ 22 bilhões.
Estrutura das quadrilhas
O processo de envio dos iPhones roubados do Brasil para a China envolve diversas etapas e núcleos especializados. Primeiro, ocorre a subtração do aparelho. Depois, criminosos especializados em fraudes digitais tentam acessar contas bancárias ou extorquir valores das vítimas.
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Mesmo bloqueados pelo sistema iCloud, muitos desses iPhones são vendidos na China como “dispositivos bloqueados” ou são desmontados para a revenda de peças como telas, chips e até mesmo carcaças plásticas, que são recicladas e reinseridas no mercado.

Técnicas de coação e engenharia social
Em casos mais graves, os criminosos enviam mensagens falsas às vítimas, simulando comunicados da Apple para que elas forneçam senhas e removam o bloqueio de segurança. Há ainda relatos de intimidações e ameaças para forçar a liberação do dispositivo.
A China como centro global do mercado clandestino
O Financial Times detalhou como a estrutura do Feiyang Times se consolidou como um polo global deste comércio clandestino, destacando que, além do Brasil, países como Reino Unido, França e Estados Unidos também são alvos recorrentes dessas quadrilhas internacionais.
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Leonardo Carvalho, especialista do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, destaca que as operações envolvem desde ladrões até intermediários digitais e especialistas em logística internacional. “São cadeias muito bem estruturadas, com funções claramente delimitadas entre roubo, fraude digital, desmanche e revenda”, explica.

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A indústria paralela de peças recicladas
Esse comércio ilegal fomenta ainda mais a indústria paralela de reparos e revendas, que se alimenta de peças retiradas desses iPhones roubados. Na China, há até mesmo fábricas dedicadas à produção de novos aparelhos a partir de componentes reciclados, tornando ainda mais difícil rastrear a origem ilícita desses produtos.
O relatório do Financial Times também aponta que, mesmo com os avanços nos sistemas de bloqueio da Apple, como o Activation Lock, a engenharia social continua sendo uma das principais armas dos criminosos para driblar as proteções e dar um destino lucrativo aos aparelhos.
Medidas para combater o crime
Diante desse cenário, especialistas apontam a necessidade de reforço nas políticas de segurança digital, melhorias nos processos de rastreamento de dispositivos roubados e maior colaboração internacional para desmontar essas redes criminosas.
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No Brasil, a conscientização sobre os riscos e as medidas preventivas, como ativar sempre o bloqueio de tela e evitar clicar em links desconhecidos, são atitudes fundamentais para dificultar a ação desses grupos.
Enquanto isso, o fluxo de iPhones roubados continua atravessando continentes, alimentando um mercado obscuro que movimenta bilhões e desafia autoridades de diversos países.

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Fonte: Financial Times