
Em meio a uma votação acirrada sobre seu plano de listagem dupla, a JBS (JBSS3) — maior processadora de proteína animal do mundo — tem intensificado os incentivos financeiros a corretoras brasileiras para obter apoio necessário de investidores à sua migração parcial para a Bolsa de Nova York, segundo apuração do BP Money.
Fontes do mercado relataram à reportagem que a companhia tem destinado recursos relevantes a plataformas e assessores de investimento, como forma de mobilizar votos favoráveis à proposta de listagem nos EUA.
O movimento, segundo pessoas próximas ao processo, tem como alvo a base pulverizada de acionistas pessoa física, que pode ser decisiva na votação final marcada para esta sexta-feira (24), em assembleia extraordinária.
A estratégia é vista com reservas por parte de agentes de mercado, especialmente após consultorias de governança corporativa como ISS e Glass Lewis recomendarem voto contrário à reestruturação. Ambas apontaram que a criação de uma estrutura com classes diferentes de ações tende a concentrar ainda mais o poder nas mãos dos atuais controladores, o que pode reduzir a influência dos minoritários.
JBS (JBSS3): votação dividida pressiona assembleia decisiva
O impasse entre os acionistas ficou evidente nesta quinta-feira (23), quando a JBS (JBSS3) divulgou uma parcial da votação à distância: 246 milhões de votos foram registrados a favor da proposta, enquanto 271 milhões foram contrários. O universo total de ações com direito a voto é de 2,2 bilhões.
A companhia, que atualmente tem sua listagem primária na B3, em São Paulo, deseja abrir capital também na Bolsa de Nova York (NYSE), alegando que isso pode gerar maior visibilidade global, atrair investidores internacionais e melhorar sua base de capital. A operação prevê a criação de uma nova holding nos EUA, que passaria a controlar a operação global do grupo, incluindo a brasileira.
Apesar da tentativa de convencimento via canais comerciais, a divisão entre os acionistas e o peso das recomendações técnicas contrárias aumentam a incerteza em torno do desfecho da assembleia.
A JBS não comentou oficialmente os repasses às corretoras, mas interlocutores da companhia dizem que a empresa vê a medida como legítima dentro de um esforço de comunicação com sua base de investidores. Críticos, no entanto, apontam o risco de distorção no processo democrático de governança, com o uso do poder econômico para influenciar decisões estratégicas.
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