
Em um ano marcado por juros altos e instabilidade econômica, muitos brasileiros enfrentaram desafios para encontrar um investimento com bom retorno. A bolsa acumulou perdas, os fundos imobiliários recuaram e até a tradicional poupança entregou rendimento modesto.
Nesse cenário de rendimento baixo e volatilidade elevada, um tipo de investimento pouco conhecido brilhou. Os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) fecharam os últimos 12 meses com rentabilidade de 14,46%, superando o Ibovespa, o CDI e outros ativos de renda fixa.
Por que os FIDCs se destacaram

Mesmo com o mercado sob pressão, os FIDCs entregaram desempenho sólido. Enquanto o Ibovespa recuava mais de 4% e o IFIX perdia 7,10%, esse fundo avançou com folga. Em fevereiro, por exemplo, rendeu 1,20%, ante 0,99% do CDI.
Isso aconteceu porque os FIDCs operam fora da lógica tradicional do mercado. Eles antecipam valores que empresas têm a receber, como boletos e duplicatas. Assim, os investidores passam a lucrar com os juros dessas operações.
Outro ponto importante é que os FIDCs se beneficiam justamente em momentos como o atual. Com o crédito mais caro nos bancos, muitas empresas recorrem a esse modelo, o que mantém a engrenagem girando — e os rendimentos em alta.
Como funciona o investimento na prática
Ao investir em um FIDC, você aplica seu dinheiro em recebíveis de empresas. Isso inclui valores a receber por serviços ou produtos já prestados, como carnês, cheques e faturas. A rentabilidade vem dos juros cobrados nessas antecipações.
Mesmo parecendo complexo, a lógica é simples: o fundo compra a dívida com desconto e lucra com os pagamentos futuros. Isso cria um elo direto entre o capital investido e a atividade econômica real.
Além disso, esses fundos são estruturados com várias camadas de proteção. Cotistas seniores, por exemplo, têm prioridade nos recebimentos e estão mais protegidos em caso de inadimplência.
Segurança e riscos
Todo investimento envolve riscos, e com os FIDCs não é diferente. A inadimplência média no último ano ficou em 10,25%, o que poderia assustar à primeira vista. Porém, a rentabilidade se manteve firme mesmo assim.
Isso ocorre porque a estrutura desses fundos é pensada para mitigar prejuízos. As primeiras perdas são absorvidas pelos cotistas mais expostos, garantindo mais estabilidade para os demais investidores.
Além disso, há uma diversificação de setores, regiões e empresas, o que reduz o risco de concentração e amplia a previsibilidade dos resultados, mesmo em um cenário desafiador.
Vale a pena investir?
Com o avanço das plataformas digitais, os FIDCs ficaram mais acessíveis. Hoje, até mesmo investidores com perfil moderado conseguem aplicar em cotas de fundos que investem nesse modelo.
Mas é preciso cautela. Antes de investir, vale analisar o histórico do fundo, a qualidade dos recebíveis e a estrutura de governança. Buscar informações claras e contar com orientação especializada faz diferença.
Afinal, em tempos de juros altos e crédito restrito, saber identificar boas oportunidades é um diferencial. E os FIDCs mostram que, com informação e estratégia, é possível vencer a maré.
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