A Comunidade Quilombola dos Arturos, localizada em Contagem, aguarda a revalidação de seu título como Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais. Nesta terça-feira (13), Dia da Abolição da Escravatura no Brasil, o Estado divulgou que reafirma seu compromisso com a valorização da cultura negra. O Conselho Estadual do Patrimônio Cultural (Conep) analisará o pedido em reunião prevista para o final de maio de 2025, dez anos após o primeiro registro.
O processo de revalidação avalia se o bem cultural permanece ativo e identifica as transformações ocorridas na última década. Segundo informações da Agência Minas, em 2014, os Arturos se tornaram pioneiros como comunidade tradicional registrada na categoria de lugares como patrimônio cultural imaterial mineiro.
O relatório necessário para a renovação do título foi elaborado durante 2024, em parceria entre a Comunidade dos Arturos, a gerência de Patrimônio Cultural Imaterial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) e a diretoria de Memória e Patrimônio da Secretaria Municipal de Cultura de Contagem.
A comunidade, atualmente formada por aproximadamente 230 famílias, mantém vivas diversas tradições da cultura negra mineira e brasileira. Os trabalhos para elaboração do documento incluíram entrevistas com lideranças, acompanhamento da Festa de Nossa Senhora do Rosário e realização de seminário no território pelos dez anos do registro.
“O registro de patrimônio nos dá alegria, é motivo de muita satisfação. Podemos fazer nossas festas e manifestações sem problema nenhum. O registro nos deu reconhecimento, temos direito de ir e vir em qualquer lugar”, afirma o Mestre José Bonifácio, liderança da Comunidade dos Arturos.
Entre os dias 9 e 11 de maio, a comunidade celebrou o Dia da Abolição com a Festa da Abolição 2025. O evento reuniu comunidades congadeiras de quilombos de diversas cidades, com atividades no Quilombo dos Arturos e na praça da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, em Contagem.
O presidente do Iepha-MG, João Paulo Martins, destacou os avanços nas políticas públicas para a comunidade, em nota divulgada pela Agência Minas.
“Finalizamos o processo de estudos para serem submetidos ao Conep. Esse é um momento importante de avaliação das políticas de salvaguarda realizadas ao longo dos últimos dez anos e seus frutos como manutenção e preservação dessa cultura tão importante. Em 2024, por exemplo, instauramos o comitê gestor para salvaguarda dos Arturos, um avanço nas políticas públicas para esse importante bem registrado”.
Nos últimos anos, segundo o Governo de Minas, iniciativas foram tomadas para valorizar a importância da cultura negra na formação da identidade mineira, como o reconhecimento dos sistemas culinários do milho e da mandioca, alimentos originários da cozinha quilombola, e dos Congados e Reinados como Patrimônio Cultural Imaterial do estado.
Após a apreciação pelo Conep, será definido se a Comunidade dos Arturos manterá seu status como Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais pelos próximos dez anos.
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