Café: produção deve crescer, mas consumidor seguirá pagando caro

Foto: Café/CanvaPro

O mercado projeta um crescimento na produção de café que, no entanto, não deve ser sentido nas prateleiras dos supermercados. Segundo especialistas, o cenário atual não favorece uma redução significativa no preço da commodity para o consumidor final.

Recentemente, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) divulgou um relatório apontando que a produção brasileira de café deve crescer 2,7% na safra de 2025, na comparação anual. Caso a previsão se confirme, será “a maior já registrada para um ano de baixa bienalidade, superando em 1,1% a colheita registrada em 2023”.

O Brasil é responsável por aproximadamente um terço da oferta mundial da “bebida matinal”. Apesar das projeções otimistas da Conab, a produção segue pressionada por condições climáticas adversas — como estiagens e o risco de geadas, que podem comprometer ainda mais a oferta global.

Outro fator de peso é o câmbio, como explicou Matheus Willrich, especialista em investimentos e sócio da The Hill Capital. “A moeda brasileira tem enfrentado dificuldades para se valorizar abaixo de R$ 5,80, influenciada por preocupações fiscais e tensões comerciais globais”, afirmou.

Além disso, vale lembrar que a demanda global por café é considerada inelástica — ou seja, reage pouco às variações de preço. “Pode até haver uma queda na demanda, mas, geralmente, essa queda é proporcionalmente menor do que a variação nos preços”, explicou Carlos Eduardo de Freitas Vian, professor do departamento da ESALC-USP, em Piracicaba.

Diante desse cenário, o consenso entre os especialistas é de que, nos próximos meses, os preços devem se manter em patamares elevados, com pequenas oscilações. “A expectativa é de que esse cenário se mantenha, pelo menos, até março do ano que vem, ou até meados de 2026”, acrescentou Vian.

Minas Gerais e Espírito Santo são cruciais na formação dos preços

A produção de café no Brasil é liderada por Minas Gerais e Espírito Santo, estados que desempenham um papel central na formação dos preços internos e globais. “Minas Gerais, maior produtor de café arábica do país, enfrentou condições climáticas desfavoráveis no ano passado, com estiagens prolongadas e temperaturas elevadas durante a florada”, comentou Willrich.

Segundo os especialistas, os fatores climáticos indicam uma possível quebra de safra em 2025, que pode ser agravada caso ocorram geadas no inverno. Por sua vez, o Espírito Santo — principal produtor de café robusta — também sofreu com o clima adverso, impactando a oferta dessa variedade.

Essa possível quebra de safra tende a pressionar os preços internos para cima, especialmente considerando que o Brasil é responsável por cerca de 33% da produção mundial de café.

Além disso, os cafezais sofreram bastante nos últimos anos com as geadas. E, apesar de algumas regiões apresentarem um desempenho melhor, a produção nacional total da próxima safra provavelmente não será suficiente para reverter a tendência de preços elevados.

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