Qual o tamanho da fortuna da Igreja Católica e quais as fontes de receita do Vaticano

Apesar do tamanho de menos de 70 campos de futebol, o Vaticano possui um patrimônio na casa dos bilhões de Euros, gera centenas de milhões de Euros de receita anualmente e possui fontes de renda diversificadas, indo de imóveis e investimentos financeiras a museus e seu acervo de arte.

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As finanças da Igreja Católica são, no entanto, opacas. Mesmo que o Papa Francisco tenha trabalhado para aumentar a transparência dos cofres do Vaticano, é difícil precisar o tamanho do patrimônio da igreja.

Os números mais recentes, referentes ao ano de 2019, mostram que a Santa Sé gerou 307 milhões de euros de receita, ao passo que as despesas foram de 318 milhões de euros e os ativos líquidos foram avaliados em 1,402 bilhões de euros.

Segundo o documento, a receita declarada da Santa Sé consiste principalmente em receitas de atividades financeiras soberanas e ativos (cerca de 50%), contribuições de dioceses locais e doações (cerca de 20%) e atividades comerciais (cerca de 15%).

O relatório ainda mostra que no ano anterior a receita total do Governo da Cidade do Vaticano foi de 293 milhões de euros – receita essa que foi composta pela gestão de patrimônio e serviços prestados ao público, como a venda de ingressos para os museus e serviços postais.

Museus

Os museus são parte relevante da geração de receita no Vaticano. Antes da pandemia, segundo informações da Reuters, as unidades que cobram ingressos geravam US$ 100 milhões anuais.

Nos anos pós-pandemia, o fluxo de visitantes desses museus voltou a subir de 2021 em diante, mantendo um volume anual de pouco menos de 7 milhões de pessoas, segundo dados do Il Giornale dell’Arte.

Dentre os museus mais famosos estão:

  • Capela Sistina
  • Salas de Rafael
  • Galeria dos Mapas
  • Museu Anima Mundi
  • Galeria dos Candelabros e Sala da Biga

Os ingressos foram reajustados em 2024 pela direção dos museus, e um ingresso padrão pode custar 20 euros, ao passo que a meia-entrada para estudantes pode custar 8 euros.

Imóveis do Vaticano

O Vaticano tem mais de 5 mil imóveis, todos administrados pela Administração do Patrimônio da Sé Apostólica (APSA). Desse total, são 4.051 localizados na Itália – cuja maioria fica em Roma.

Todavia, a receita gerada com esses imóveis é menor do que poderia ser, porque estima-se que uma fatia de 10% a 20% destes é alugado a uma taxa de mercado, ao passo que o restante é alugado a preços mais baratos – por vezes para funcionários da igreja – ou cedido para instituições como hospitais e escolas.

A Igreja Católica já teve problemas de corrupção e má gestão atrelada a esses imóveis, como foi o caso do edifício em 60 Sloane Avenue, no bairro de Chelsea, em Londres.

O imóvel foi comprado em 2014 por meio de um intermediário italiano e o investimento total foi de 350 milhões de euros

A compra gerou controvérsias e acusações de corrupção, culminando inclusive em um julgamento no Vaticano em 2023, no qual o empresário italiano Raffaele Mincione foi condenado por crimes financeiros.

Um ano antes disso, em 2022, o Vaticano vendeu o imóvel por 186 milhões de euros, fazendo com que a operação gerasse prejuízo à instituição.

Investimentos financeiros

Além dos imóveis e dos serviços, o Vaticano também possui investimentos puramente financeiros, sendo administrados tanto pela APSA quanto pelo Instituto para as Obras de Religião (IOR), também conhecido como o Banco do Vaticano.

A APSA, além dos imóveis, faz a gestão de investimentos financeiros que incluem ações, fundos de investimentos, títulos e outros ativos. A instituição, no ano de 2023, reportou um lucro de 45,9 milhões de euros.

O Banco do Vaticano, conforme o relatório financeiro de 2023, administrava € 5,4 bilhões em ativos e obteve um lucro superior a € 30 milhões.

Vale destacar que há regras éticas, que inclusive foram endurecidas durante o papado de Francisco, proibindo as instituições de realizarem investimentos na indústria do tabaco, armas, combustíveis fósseis e outros.

Quanto ganha um Papa?

Apesar de sua posição, o papa não recebe um salário fixo. Não existe um valor determinado para quem ocupa esse cargo. O Vaticano cobre as despesas do papa, como moradia, alimentação e viagens.

Filipe Domingues, especialista no Vaticano e professor na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, esclarece que o papa não tem uma renda regular, mas tem acesso a uma conta corrente pessoal para despesas essenciais. Ele ainda acrescentou que há um supermercado dentro do Vaticano, onde os produtos são vendidos sem impostos.

“Tudo produzido no Vaticano, em terras sob sua jurisdição, é livre de impostos, como combustíveis, eletricidade, alimentos e medicamentos”, afirmou.

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