
O Brasil, já consolidado como líder global na produção e exportação de algodão, enfrenta um novo desafio: manter sua posição de destaque não apenas na produção, mas também no consumo interno da fibra.
A afirmação é de Alessandra Zanotto presidente da Abapa (Associação Baiana de Produtores de Algodão), especialista na cadeia agroindustrial do algodão, que aponta o consumo como o principal fator para o crescimento contínuo do setor.
O país tem avançado de maneira impressionante na produção, aumentando a produtividade de forma significativa ao longo dos últimos anos, com o uso de tecnologia de ponta e práticas agrícolas sustentáveis.
Em 2024, o Brasil se tornou o maior exportador mundial de algodão em pluma, ultrapassando os EUA, líderes nesse mercado desde a safra 1993/1994. O avanço brasileiro é fruto de uma produção nacional em expansão, enquanto os norte-americanos enfrentaram queda na colheita, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
No entanto, a grande questão é a demanda interna. O consumo de algodão no Brasil, apesar de elevado, precisa crescer ainda mais para garantir a sustentabilidade do setor, além de ampliar o mercado interno e impulsionar as exportações.
“Para o Brasil manter sua liderança global no mercado de algodão, precisamos intensificar o consumo interno. O país já tem a capacidade de produzir mais, utilizando menos terra, mas agora é necessário que a sociedade entenda o valor do consumo de produtos feitos com algodão natural, em vez de fibras sintéticas”, destacou.
O que Zanotto coloca como essencial para o futuro da cotonicultura brasileira é que o consumo de produtos de algodão vá além do mercado internacional, com a sociedade brasileira reconhecendo as vantagens do uso dessa fibra natural.
De acordo com ela, a sociedade precisa entender que consumir produtos feitos com algodão não é apenas uma escolha de qualidade, mas também uma forma de apoiar a economia local e garantir a longevidade da produção.
Inovação e qualidade como diferenciais
A tecnologia e a inovação têm sido os grandes aliados do Brasil para se destacar no mercado global, especialmente em um contexto em que a sustentabilidade e as exigências regulatórias são cada vez mais presentes. Segundo a Zanotto, a qualidade da produção brasileira é um dos maiores diferenciais que conquistou a confiança de consumidores em diversas partes do mundo. A rastreabilidade, por exemplo, garante que o produto brasileiro seja reconhecido como ético e sustentável, conquistando mercados cada vez mais exigentes.
“A rastreabilidade que conseguimos implementar na produção de algodão é uma das razões pelas quais conseguimos alcançar tantos mercados internacionais. A qualidade do produto brasileiro é indiscutível, e a confiabilidade nas práticas sustentáveis que seguimos contribui para isso”, afirmou a presidente da ABAPA.
Além da qualidade, a profissionalização do setor também tem sido um fator determinante para o crescimento contínuo.
A empresária afirma que o setor de algodão no Brasil está cada vez mais especializado, com os produtores se preocupando não apenas com a parte técnica da produção, mas também com o aspecto comercial e as exigências do mercado global.
O futuro do algodão brasileiro
Para garantir que o Brasil continue como líder mundial, a presidente da Abapa defende que o país precisa, urgentemente, focar em estratégias de consumo interno, além de fortalecer as relações comerciais externas.
Segundo a executiva, o associativismo é outro ponto importante que deve ser fortalecido, pois a união dos produtores permite um trabalho mais coeso e eficiente, beneficiando todo o setor.
“Não estaríamos onde estamos sem a união dos produtores através das associações. O trabalho coletivo tem um impacto direto não apenas na produção, mas também nas questões políticas, jurídicas e sociais que envolvem o setor. A ABAPA tem sido essencial nesse processo de evolução do setor”, completou Zanotto.
A especialista vê um futuro promissor para o Brasil no mercado global de algodão, desde que haja um esforço conjunto para fortalecer o consumo interno e expandir as relações comerciais. O setor segue enfrentando desafios, mas a inovação, sustentabilidade e a qualidade da produção garantem um caminho sólido para manter a liderança no mercado mundial.
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