Maternidade precoce: os desafios de Ana Paula, sócia da AVG Capital

Ana Paula Carvalho, sócia da AVG Capital
Foto: Ana Paula Carvalho, sócia da AVG Capital

Ana Paula Carvalho, sócia da AVG Capital, iniciou sua trajetória profissional antes mesmo de ter idade legal para isso.

“Comecei a trabalhar com menos de 14 anos. Não tinha nem carteira assinada, mas queria muito trabalhar”, contou. Segundo ela, o desejo de conquistar autonomia surgiu de forma espontânea. “De forma inconsciente, eu sempre quis ter minha independência financeira.”

O interesse pelo mercado financeiro começou oficialmente em 2001, mas o trabalho já fazia parte de sua rotina desde a adolescência. Antes de entrar no banco, Ana Paula passou por outros setores. “Trabalhei em confecção, na área de faturamento. Era o que tinha disponível e eu precisava trabalhar.”

Primeira gravidez aos 17 anos: “Parei tudo, mas voltei com foco total”

Aos 17, Ana Paula engravidou da primeira filha, Amanda. Na época, estava se preparando para o vestibular. “Eu estava fazendo cursinho, me preparando para a faculdade. Quando descobri a gravidez, parei tudo naquele momento.”

Dessa forma, depois de dois anos dedicada integralmente à maternidade, ela decidiu retomar os estudos. “Quando a Amanda estava com dois anos, eu falei: agora vou começar a minha faculdade.”

Ingressou no curso de Administração de Empresas na PUC e precisou de muito planejamento para equilibrar maternidade, trabalho e estudos. “No segundo ano da faculdade, engravidei novamente, da Giovana. Foi no susto.”

Em suma, mesmo com a segunda gravidez, Ana Paula não interrompeu o curso. “Não tranquei. Conversei com os professores. A maioria foi compreensiva. Me passaram trabalhos, e eu fiquei só um mês afastada da faculdade.”

Dupla jornada: banco de dia, faculdade à noite

Na segunda gravidez, Ana Paula já estava empregada no setor bancário. “Eu trabalhava no banco durante o dia, estudava à noite e cuidava de uma filha, enquanto esperava a segunda.” A rotina era exaustiva. “Eu saía super cedo e voltava para casa por volta das dez da noite.”

No início da trajetória acadêmica e profissional, Ana Paula contou com a ajuda de familiares.

“Durante os primeiros meses de aula, deixava a Amanda na casa da minha mãe durante a semana. Ela morava longe e não era possível buscar todo dia. Então, deixava no domingo e buscava só na sexta-feira.”

Segundo ela, essa foi uma das decisões mais difíceis que tomou. “Fiquei dividida emocionalmente, mas sabia que precisava fazer aquilo se quisesse seguir estudando e crescendo na carreira.”

Apoio doméstico: a babá que virou parte da família

Quando engravidou da segunda filha, Ana Paula conseguiu contratar uma babá. “Ela ficou comigo por sete anos. É uma pessoa por quem tenho uma gratidão enorme.” A relação se tornou tão próxima que a babá passou a morar na casa da família.

“Ela tem a mesma idade que eu. Em determinado momento, também ficou grávida e não tinha condições de pagar alguém para cuidar do bebê.” Ana Paula decidiu ajudá-la. “Alugamos uma casa encostada na minha para ela ficar perto. Pedi para ela trazer o filho dela, o Otávio, e cuidar dele junto com as minhas filhas.”

Além disso, ela lembra que essa decisão foi importante para ambas. “Ela pôde estar com o filho dela e eu segui com minha rotina sabendo que as meninas estavam bem cuidadas.”

O divórcio e o impacto financeiro: “Foi um divisor de águas”

Pouco tempo após o nascimento da segunda filha, Ana Paula enfrentou o divórcio. “Voltei para a casa da minha mãe com as meninas.”

De acordo com ela, o ex-marido não aceitou bem o fim do relacionamento. “Ele simplesmente parou de contribuir financeiramente. Dizia claramente que só voltaria a ajudar se eu voltasse com ele.”

A decisão de não recuar se tornou combustível. “Isso me deu ainda mais certeza de que eu precisava seguir sozinha. Não cogitei voltar em nenhum momento.” A situação financeira apertou, mas Ana Paula não parou. “Eu sabia que o único caminho era continuar. Trabalhar, estudar, criar minhas filhas e buscar estabilidade.”

Ana Paula relata que enfrentou preconceitos por ser uma mãe jovem no ambiente de trabalho. “Algumas colegas olhavam com julgamento, como se eu tivesse feito algo errado por já ter uma filha com 22 anos.”

A escolha de ser mãe cedo: “Se esperar o momento certo, pode não acontecer”

Ana Paula observa que muitas amigas adiaram a maternidade e agora enfrentam desafios diferentes.

“Vejo mulheres que estão com 42, 43 anos tendo o segundo filho. São diretoras, executivas, e enfrentam outra carga de responsabilidade. Sendo assim, hoje, quando saem do trabalho, seguem resolvendo problemas no celular.”

Ela defende que, para quem tem o desejo, não existe hora perfeita. “Se você ficar esperando, talvez não aconteça. Conheço várias mulheres promovidas durante a licença-maternidade. Isso mostra que o mercado está mudando, mas o mais importante é ouvir seu próprio desejo.”

A maternidade como escola de liderança

A vivência como mãe influenciou diretamente sua postura como profissional. “Você aprende a ser mais flexível. A maternidade te coloca em situações fora do controle e te ensina a ser mais empática.”

Ela também tenta levar esse aprendizado para casa. “Sempre busquei equilíbrio entre trabalho e família. Além disso, tento mostrar isso para minhas filhas, que também precisam encontrar esse ponto de equilíbrio. Não é só sobre crescer profissionalmente, mas sobre viver com saúde mental.”

Ana Paula ressalta que sempre valorizou o estudo como ferramenta de transformação. “Fiz faculdade, MBA, várias certificações. Estudava aos sábados, das nove às cinco. Elas presenciaram isso tudo. E hoje sabem que construir uma carreira sólida exige preparo.”

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