
A Vale (VALE3), uma das maiores mineradoras do mundo, ainda não sofreu impactos diretos da guerra tarifária entre Estados Unidos e China — mas a calmaria pode ser passageira.
Com mais de 60% de suas vendas destinadas à China, a companhia acompanha com preocupação os desdobramentos do conflito entre as duas maiores economias do planeta.
Apesar das tarifas aplicadas por ambos os países, o minério de ferro ainda está fora da linha de fogo, o que poupou a Vale de prejuízos imediatos. Mas, segundo o CFO da empresa, Marcelo Bacci, o maior risco está no efeito indireto da disputa: a desaceleração do crescimento chinês, que poderia comprometer a demanda por metais.
Crescimento da China em xeque preocupa investidores da Vale
As previsões do FMI (Fundo Monetário Internacional) já acenderam o sinal amarelo: a projeção de crescimento do PIB chinês foi revisada para 4% em 2025 e 2026 — abaixo da meta oficial de 5%.
Analistas do J.P. Morgan foram ainda mais incisivos, alertando para uma chance de 60% de recessão global até o fim de 2025, caso as tarifas permaneçam elevadas.
A China, maior consumidora de minério de ferro do mundo, é vital para a saúde financeira da Vale.
Setores como construção civil desaceleraram, mas a demanda por metais em infraestrutura e indústria continua firme. “O que acontecer na China será muito relevante para nós”, afirmou Bacci.
Tarifa zero para minério? Entenda por que a Vale foi poupada
Por enquanto, o mercado de minério de ferro está relativamente imune à guerra tarifária.
Isso porque os Estados Unidos não são grandes compradores desse insumo. Já metais como níquel e cobre, que a Vale exporta a partir do Canadá, também escaparam das sobretaxas graças a isenções específicas.
Mas o cenário pode mudar rapidamente. O receio da Vale é que o agravamento do conflito eleve a inflação global e afete o consumo, criando um efeito dominó em diversos setores industriais.
Vale mira eficiência operacional em meio à incerteza econômica
Mesmo diante da instabilidade, a Vale não está parada. A mineradora tem investido fortemente em aumentar sua eficiência e reduzir custos operacionais.
Os números impressionam: no primeiro trimestre de 2025, os custos de produção caíram 11% para minério de ferro e 63% para níquel.
Além disso, a empresa prepara o lançamento de um novo produto das minas de Carajás, com teor de ferro mais baixo, mas margem maior. “Ainda não temos o menor custo do mundo, mas estamos perto disso”, disse Bacci, destacando a resiliência da companhia.
Lucro da VALE3 cai, mas perspectivas animam o mercado
A Vale registrou lucro líquido de US$ 1,39 bilhão no 1º trimestre de 2025, uma queda de 17% em relação ao mesmo período do ano anterior. A receita líquida somou US$ 8,1 bilhões, recuo de 4%. Apesar disso, a confiança dos investidores permanece razoável.
Prova disso é que, mesmo com a redução do preço-alvo de R$ 99 para R$ 93, o J.P. Morgan manteve recomendação de compra para as ações da Vale.
O banco também revisou para cima a projeção da Gerdau, evidenciando que o setor ainda oferece oportunidades diante da volatilidade global.
Alívio à vista? EUA e China indicam abertura para diálogo
Um ponto positivo recente foi o sinal de flexibilização por parte de China e EUA. Produtos farmacêuticos e equipamentos médicos norte-americanos voltaram a entrar no mercado chinês com isenção de tarifas, e uma lista de mais de 130 categorias de produtos pode ser beneficiada com desonerações.
Esse possível alívio nas tensões comerciais pode dar fôlego às cadeias globais de suprimentos e, de quebra, favorecer a Vale — que poderia se beneficiar indiretamente da retomada da confiança dos mercados.
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