‘Taxa das blusinhas’ de Trump: EUA eliminam isenções aproveitadas por Shein e Temu

O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, encerrou o acesso isento de impostos para remessas de baixo valor da China e de Hong Kong nesta sexta-feira, 02, removendo as isenções aproveitadas por Shein, Temu e outras empresas de comércio eletrônico, bem como por traficantes de fentanil.

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Itens avaliados em até US$ 800 e enviados da China por meio de serviços postais estão agora sujeitos a um imposto de 120% do valor do pacote ou a uma taxa fixa de US$100 por pacote – um valor que aumentará para US$ 200 em junho. Os remetentes estão se preparando para um maior caos nos aeroportos.

Trump acusa a China de práticas comerciais injustas e a culpa por uma crise de saúde relacionada ao fentanil.

O que é a isenção?

Até esta sexta-feira, 02, os EUA isentavam procedimentos alfandegários padrão e tarifas sobre itens importados com valor inferior a US$ 800 que são enviados para pessoas físicas.

Essa é uma das isenções mais generosas do mundo: o limite da União Europeia, por exemplo, é de 150 euros (US$ 156).

Os EUA têm usado a isenção desde 1938 para reduzir os encargos administrativos. Durante a Presidência de Barack Obama, o Congresso quadruplicou a isenção de US$ 200, facilitando um aumento no número de pacotes isentos que entram no país.

As remessas que reivindicam a isenção aumentaram mais de 600% na última década, chegando a mais de 1 bilhão de itens no ano fiscal de 2023, de acordo com dados do órgão Alfândega e Proteção de Fronteiras.

Por que a isenção é controversa?

As controvérsias dizem respeito, em grande parte, aos desequilíbrios comerciais dos EUA e ao fentanil – que está provocando uma epidemia nacional que matou quase 75.000 pessoas em 2023.

No ano passado, repórteres da Reuters descobriram que poderiam facilmente importar os precursores principais para pelo menos 3 milhões de comprimidos de fentanil – com um valor de mercado potencial de US$ 3 milhões – a um custo de US$ 3.607,18. Os remetentes rotularam erroneamente os pacotes como, por exemplo, eletrônicos.

Os produtos legítimos também são controversos à medida que Trump escala sua retórica contra a China, país com o qual os EUA têm o maior déficit comercial bilateral, de US$ 279 bilhões em 2023.

Entre os grandes beneficiários da isenção estão os varejistas online que enviam produtos principalmente da China, como a Shein, a Temu, de propriedade da PDD Holdings, e a AliExpress, do Alibaba.

Seu crescimento levou a Amazon a iniciar seu próprio serviço de descontos, o Haul, permitindo que os comerciantes enviassem acessórios de US$5 e outros itens diretamente da China usando a isenção.

A Shein se recusou a comentar sobre possíveis mudanças na política dos EUA. Em 2023, a empresa solicitou uma reforma “para criar um campo de jogo nivelado e transparente – onde as regras são aplicadas de maneira uniforme e igualitária”. Temu, AliExpress e Amazon não responderam aos pedidos de comentários.

Os críticos da política também afirmam que ela permite que as empresas escapem das tarifas sobre os produtos chineses e das inspeções alfandegárias de acordo com uma lei que proíbe produtos fabricados com trabalho forçado.

Impacto no PIB da China

No ano passado, a China exportou US$ 240 bilhões em bens diretos ao consumidor que se beneficiam de isenções em todo o mundo, representando 7% de suas vendas no exterior e contribuindo com 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com estimativas da Nomura.

A corretora prevê que a eliminação da isenção nos EUA desacelerará o crescimento das exportações chinesas em 1,3 ponto percentual e o crescimento do PIB em 0,2 ponto, com um impacto significativamente maior se a Europa e o Sudeste Asiático também removerem suas isenções de tarifas alfandegárias.

Os setores mais expostos da China incluem vestuário, que representa 35% do valor das exportações chinesas diretas para o consumidor, eletrônicos de consumo, com 22%, decoração doméstica, com 17%, e produtos de beleza, com 7%, avalia a Nomura.

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