A Rede Globo iniciou nesta semana os testes da Digital Television+ (DTV+), versão brasileira do que vem sendo chamado de TV 3.0. A emissora implantou uma estação de transmissão experimental no Pico do Sumaré, no Rio de Janeiro, e passa a operar a primeira estrutura privada do país voltada ao novo padrão de sinal digital terrestre.
A fase de testes será limitada a profissionais do setor, que utilizarão protótipos de receptores conectados a dispositivos específicos. A previsão de lançamento comercial é 2026, mas o objetivo atual é validar a infraestrutura e os novos recursos junto ao setor técnico e regulador.
Estação experimental tem licença temporária da Anatel
A operação acontece com licença provisória concedida pelo Ministério das Comunicações e pela Anatel. A estação cobre parte da Zona Sul e da Barra da Tijuca, e atuará como laboratório de testes científicos, focado em validar conteúdos, arquitetura de sistema e qualidade de sinal.

A Globo também exibirá trechos da programação em ambientes controlados, via antena ou Globoplay.
A DTV+ é mais um passo rumo ao futuro. Ela fortalece a vocação da TV aberta brasileira, respeita a sua história e amplia o seu papel
Paulo Marinho, diretor-presidente da Globo
Imagem em 4K, som imersivo e publicidade segmentada
Entre os destaques da DTV+, estão a transmissão com resolução 4K e até 8K, áudio espacial com efeito imersivo e novas formas de interação com o conteúdo, como votações ao vivo, compras por controle remoto e anúncios personalizados.
Além disso, os canais passam a funcionar como aplicativos independentes, com interface semelhante à de plataformas de streaming, o que deve mudar a navegação entre emissoras.

Segundo o Ministério das Comunicações, não será necessário ter internet para acessar esses recursos básicos, como imagem e som em alta definição. No entanto, a conexão amplia a interatividade, como personalização de conteúdo, quizzes e compras integradas.
Comparativo entre gerações da TV no Brasil
Característica | TV 1.0 | TV 2.0 | TV 3.0 / DTV+ |
---|---|---|---|
Tipo de sinal | Analógico | Digital | Digital avançado (ATSC 3.0 adaptado) |
Imagem | Preto e branco (inicialmente), depois colorido em SD | HD (720p) ou Full HD (1080i) | 4K e até 8K com HDR |
Áudio | Mono ou estéreo básico | Áudio multicanal (5.1) | Áudio imersivo e personalizável |
Interatividade | Nenhuma | Interatividade limitada via Ginga | Interatividade total com compras, enquetes e login |
Conectividade com internet | Não | Sim, em modelos smart | Não obrigatória, mas recomendada |
Publicidade personalizada | Não | Limitada, via aplicativos | Sim, baseada em perfil e localização |
Navegação entre canais | Sequencial via controle remoto | Tradicional ou via menu | Interface por aplicativos, estilo streaming |
Necessidade de conversor | Não | Sim, durante a transição digital | Sim (para TVs atuais) |
Ano de implantação no Brasil | 1950 (PB), 1972 (colorida) | 2007 (início da digitalização) | 2025 (fase experimental) |
Equipamentos ainda são protótipos
Para acessar o novo padrão, será preciso usar um conversor compatível com DTV+ e antena digital. Os modelos mostrados no evento ainda são protótipos, e não há previsão oficial de preço. O governo estuda distribuir os aparelhos para famílias de baixa renda, como ocorreu na digitalização do sinal analógico anos atrás.

Fabricantes e governo preparam chegada ao mercado
As principais fabricantes de televisores participam do grupo de trabalho coordenado pelo Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital, e estão em fase de desenvolvimento de aparelhos compatíveis com DTV+. A expectativa é que novos modelos passem a incluir o recurso nativamente nos próximos anos.
Incentivos fiscais estão sendo discutidos como forma de viabilizar a adoção da tecnologia pelas empresas e baratear a chegada ao consumidor.
Leia também:
- Amazon deve abandonar Android em seus Fire TVs ainda este ano
- Mais de 370 mil TV boxes infectadas no Brasil são usadas em fraudes, revela relatório
- Sony deve abandonar o mercado de TVs 8K
Uma televisão mais conectada ao usuário
A DTV+ pretende tornar a experiência da TV aberta mais próxima da lógica das redes sociais e dos serviços de streaming.
Isso inclui reconhecimento de preferências e exibição de conteúdo relevante de forma personalizada, com base em histórico e perfis conectados.
Assim que ligar e se logar, a TV já vai te conhecer, saber seus gostos e oferecer uma combinação de conteúdo e publicidade
Leonora Bardini, diretora de programação da Globo
Essa integração pode, por exemplo, exibir anúncios de veículos para quem buscou carros na internet ou permitir ao espectador comprar um item visto em uma novela diretamente pela TV.
Fonte: G1 Globo

Adeus HDMI?
GPMI: O novo padrão que quer desbancar o HDMI da sua TV