
Em um cenário dominado por homens, Eufrásia Teixeira Leite, nascida em 15 de abril de 1850, emergiu como uma figura singular. Ela não só quebrou paradigmas, mas também deixou marcas indeléveis em instituições sociais e educacionais.
A aristocrata brasileira é lembrada por sua habilidade de multiplicar uma fortuna substancial, avaliada hoje em mais de R$ 1 bilhão, que posteriormente destinou a instituições de caridade em Vassouras, município do Rio de Janeiro, e em Paris.
As vivências de Eufrásia no Brasil e na França lhe proporcionaram uma perspectiva única, que lhe permitiu navegar com destreza no complexo mundo financeiro.
Eufrásia Teixeira Leite está de pé, com a mão no ombro de sua irmã; a outra mulher é prima das duas – Imagem: Wikicommons/Creative Commons
Eufrásia, a primeira mulher a aplicar na bolsa de valores
Sob a orientação de seu pai, Joaquim José Teixeira Leite, Eufrásia aprendeu, desde jovem, a lidar com os negócios, habilidade que a diferenciaria de outras mulheres de sua época. Sua educação, focada em matemática financeira e gestão de mercado, foi incomum para uma mulher do século XIX e a preparou para um futuro distinto.
Com a morte prematura dos pais, Eufrásia, ao lado de sua irmã Francisca, herdou uma considerável fortuna. A crise econômica no Brasil no final do século XIX levou as irmãs a se mudarem permanentemente para Paris, onde Eufrásia aplicou seus conhecimentos financeiros para expandir ainda mais sua riqueza.
Apesar das limitações sociais impostas às mulheres naquele momento, Eufrásia empregou seu conhecimento e intuição para se tornar a primeira mulher a investir na Bolsa de Valores de Paris.
Com a ajuda de Albert Théodore Guggenheim, ela expandiu seus investimentos por meio de setores promissores, como estradas de ferro e energia elétrica, o que demonstra uma visão aguçada para o capitalismo emergente.
Vida de investimentos e independência
Ao estabelecer-se em Paris, Eufrásia se destacou por sua habilidade em identificar oportunidades lucrativas e manteve o controle sobre suas decisões financeiras, empregando intermediários para realizar negociações na bolsa, mas sempre com autonomia sobre suas escolhas.
Seu relacionamento com Joaquim Nabuco, embora intenso, não resultou em casamento. A escolha de permanecer solteira foi interpretada como uma decisão de preservar a independência financeira e jurídica, algo raro para mulheres daquela época.
Impacto duradouro de seu testamento
Em 1930, com sua morte, Eufrásia deixou um legado significativo por meio de um testamento cuidadosamente elaborado e uma fortuna que beneficiou, majoritariamente, instituições de caridade e educacionais.
Entre os beneficiados estavam a Santa Casa de Misericórdia de Vassouras e colégios religiosos. O ato de filantropia consolidou seu compromisso com o bem-estar das comunidades em sua cidade natal e em Paris.
No entanto, o testamento de Eufrásia foi alvo de disputas familiares; porém, após anos de batalhas judiciais, suas últimas vontades foram respeitadas. A cidade de Vassouras recebeu melhorias significativas graças ao seu legado, o que evidenciou o impacto duradouro de suas decisões financeiras e pessoais.
Até hoje, boa parte das instituições da cidade funciona em terras que foram de Eufrásia, perpetuando a memória dessa grande mulher como uma visionária que desafiou convenções e deixou um rastro de benevolência.
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