Choques econômicos devem continuar a afetar a Europa, mas fazem parte de uma “mudança estrutural inevitável”, afirmou o diretor do Departamento Europeu do Fundo Monetário Internacional (FMI), Alfred Kammer, em coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira, 25. Kammer defendeu que os países europeus precisam de reformas para criar um ambiente mais dinâmico, integrado e com redução de barreiras comerciais, além de aumento em investimentos em infraestrutura e defesa.
“Tensões comerciais são ruins para todos os países, incluindo a Europa”, disse o diretor. “Incentivamos acordos comerciais para reduzir as tensões”, acrescentou o dirigente, citando como exemplo o andamento das negociações com o Mercosul.
Na visão dele, o aumento de acordos comerciais aumentará a resiliência econômica da zona do euro. “Esse deve ser um foco contínuo”, afirmou, destacando que já um movimento global de diferentes países, setores e indústrias que também estão em busca de remover as barreiras comerciais.
Vice-diretora do Departamento Europeu do FMI, Oya Celasun pontuou que os gastos públicos em infraestrutura e defesa são necessários para melhorar o crescimento econômico potencial do Produto Interno Bruto (PIB) da Europa nos próximos anos, mas ponderou que o aumento não será rápido. “Esperamos um pico do déficit fiscal em 2026”, disse.
Celasun espera que este cenário ajude particularmente a Alemanha, que tem “espaço fiscal suficiente” para ampliar os gastos necessários graças ao nível baixo da dívida pública e de empréstimos do governo. “A Alemanha também deve liderar a integração regulatória e econômica da União Europeia (UE)”, pontuou.
Volatilidade do euro
Alfred Kammer também que é importante acompanhar a volatilidade do euro e seus impactos para a inflação doméstica da UE. Ele reiterou as projeções da instituição para o crescimento econômico, inflação e taxas de juros da Europa.
O diretor disse que a narrativa de que o euro não é uma moeda competitiva “está completamente errada”, mas reconheceu que as autoridades europeias precisam se concentrar em avanços tecnológicos, reformas estruturais e aprimoramento do mercado de trabalho para resolver as “lacunas” de produtividade da Europa. “Do lado monetário, os passos certos foram tomados ao longo dos anos”, destacou, em referência ao BCE.
No cenário do FMI, a inflação da zona do euro alcançará a meta de 2% de forma sustentável em 2025 e as taxas de juros devem cair em ritmo gradual, enquanto o banco central lida com os efeitos das tensões comerciais.
Kammer pontuou ainda que o impacto das tarifas será maior enquanto estiverem em vigor, reforçando a importância de que autoridades europeias “façam esforços para desescalar e negociar um acordo” com os EUA. “Espero que as negociações tenham sucesso”, disse ele, que também defendeu a diversificação do comércio e acordos entre a UE e outros países.
Guerra entre Rússia e Ucrânia
Questionado sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia, o diretor do FMI projetou que ambas as economias devem enfraquecer como consequência da persistência do conflito. Kammer acredita que a Rússia continuará isolada economicamente, mesmo que um acordo de paz seja alcançado, mas que os desdobramentos não devem afetar significativamente as condições de vida na Europa.
A Ucrânia, por outro lado, terá que se preparar para um período de reconstrução.
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