A Apple planeja transferir toda a produção de iPhones destinados ao mercado dos Estados Unidos para a Índia até o fim de 2026, segundo informações divulgadas pelo Financial Times. A estratégia marca uma guinada histórica da Apple, que busca reduzir a dependência da China e enfrentar os impactos tarifários das disputas comerciais entre Washington e Pequim.
A decisão da Apple de migrar sua produção da China para a Índia está diretamente ligada à escalada da guerra comercial entre os Estados Unidos e o governo chinês. As tarifas impostas pelo governo americano aumentaram os custos dos produtos fabricados na China, o que levou a Apple a repensar sua cadeia de suprimentos e buscar alternativas mais vantajosas.
Embora a Apple já produza versões mais simples de seus aparelhos na Índia e no Brasil, o plano mais ambicioso prevê que todos os modelos de iPhone vendidos nos EUA sejam montados no território indiano até 2026. O movimento faz parte de uma estratégia mais ampla de diversificação geográfica.
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Foxconn e a ampliação da capacidade na Índia
A principal parceira de montagem da Apple, a taiwanesa Foxconn, já mantém operações significativas na Índia. No entanto, a transferência de equipamentos industriais da China tem enfrentado dificuldades logísticas e técnicas, conforme apontam relatos da indústria.
Além disso, analistas alertam para os riscos de uma mudança abrupta: eventuais falhas na produção poderiam prejudicar ainda mais as vendas de iPhones, que já vêm sofrendo com a queda de demanda, especialmente na própria China.
Acordos comerciais favorecem a Índia
Apesar de a Índia também estar sujeita a tarifas sobre exportações para os Estados Unidos — atualmente em 26% —, essas taxas foram temporariamente suspensas enquanto os dois países negociam um novo acordo comercial. A visita recente do vice-presidente americano JD Vance à Índia reforça a intenção de estreitar os laços econômicos entre as nações.
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Esse contexto cria um ambiente favorável para a Apple, que enxerga na Índia não apenas uma base de produção estratégica, mas também um mercado consumidor em crescimento acelerado.
Impacto financeiro e percepção do mercado
O movimento da Apple ocorre em um momento delicado para a empresa. Com cerca de 28% das vendas globais concentradas nos Estados Unidos, a gigante de Cupertino sofreu oscilações em seu valor de mercado diante das incertezas comerciais. No início do mês, chegou a perder temporariamente o posto de empresa mais valiosa do mundo.
Mesmo com uma recuperação de 21% nas ações desde o auge da crise tarifária, a Apple continua sob pressão para manter sua competitividade e margens de lucro, motivo pelo qual a migração para a Índia surge como uma estratégia de médio e longo prazo.
Brasil segue como base secundária
Vale lembrar que o Brasil ainda participa da produção de iPhones — especialmente os modelos de entrada —, em parte para reduzir os custos logísticos nas Américas. No entanto, não há indícios de que o país venha a ser incluído na produção em larga escala para os EUA, como ocorre com a Índia.
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Fonte: Financial Times
