O espetáculo “Um homem célebre”, da Trupe Qualquer, chega ao Teatro Paschoal Carlos Magno no sábado (26) e domingo (27) e nos dias 10 e 11 de maio. A peça é uma adaptação dos contos de Machado de Assis, reimaginados pelo dramaturgo Rafael Coutinho, que busca utilizar o teatro para explorar os temas universais e atemporais presentes na obra do autor — sendo, entre eles, a identidade, arte, sucesso, fracasso e as contradições da natureza humana. Os ingressos para a temporada de estreia em Juiz de Fora podem ser adquiridos na plataforma Sympla e no restaurante Madame Geváh. As apresentações acontecem aos sábados às 20h e aos domingos às 19h.
A peça se volta para a história de um ator que, momentos antes de entrar em cena, deixa de se reconhecer no espelho e é tomado pelo pânico. Esse acontecimento conecta o homem a Pestana, um músico de teatro cuja vida foi marcada pela fama de suas polcas e por um misterioso pacto com o Diabo. Na narrativa, também é essa figura que disputa com Deus o controle da história da terra. Mestre e doutor em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e graduado em Letras na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Coutinho encara o desafio de transpor, assim, a obra de Machado de Assis para o palco.“Escrever a partir de Machado de Assis foi muito desafiador, porque ele já tem a alcunha de ser o grande prosador da língua portuguesa. Mas também foi algo dentro de um propósito”, conta.
Para ele, que entrou em contato com o escritor pela primeira vez devido a obrigatoriedade das escolas, essa é uma forma de apresentar o autor de maneira popular. “Quando se desprende de uma obrigatoriedade em lê-lo, vemos o que ele estava falando e propondo como pensamento, considerando quem ele era, que é algo que a peça também leva em conta, percebemos o quanto ele brincava com o lugar que despejam ele hoje. O lugar da cultura chata, da cultura intocável”, diz.
A supervisão dramatúrgica ficou a cargo de Pedro Kosovski, diretor e dramaturgo carioca vencedor do Prêmio Shell. “As pessoas podem esperar um espetáculo bem cuidadoso com esse autor, mas que também o entende em um lugar popular e irônico, que flerta com o humor”, diz o dramaturgo. A experiência teatral conta ainda com a presença de uma banda ao vivo, liderada por Jeann Cavallari, e uma trilha sonora original responsável por fazer releitura contemporânea da polca. Esse gênero musical popular vem do século 19 e aborda a complexa busca por originalidade, que faz parte da narrativa central do espetáculo.
Espetáculo tem data confirmada em BH
O segundo espetáculo da Trupe Qualquer é marcado pelo entrelaço entre teatro, literatura e música. Depois de “Café com leite”, que aborda as infâncias, o grupo se volta para o público adulto e apresenta uma obra com maturidade artística. O espetáculo teve a primeira apresentação durante os eventos de Novembro Negro, em 2024, e irá continuar com exibição após a temporada em Juiz de Fora, com apresentações em Belo Horizonte, no Galpão Cine Horto.
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