
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) voltou a criticar a atual política de distribuição de dividendos da Petrobras (PETR3; PETR4), cobrando uma revisão urgente do modelo adotado pela estatal. Para a entidade, a forma como a empresa vem remunerando seus acionistas favorece a concentração de renda e compromete investimentos estratégicos em áreas essenciais para o desenvolvimento nacional.
A manifestação da FUP ocorre após a aprovação, em assembleia geral ordinária (AGO) realizada na quarta-feira (16), do pagamento de dividendos adicionais no valor de R$ 9,1 bilhões. A proposta havia sido aprovada pelo conselho de administração da Petrobras em fevereiro, com base nos resultados financeiros de 2024. Com isso, a remuneração total aos acionistas no exercício do ano passado atingiu R$ 75,8 bilhões.
“A atual política é equivocada. Ela permite que a Petrobras distribua dividendos mesmo quando não há lucro, e ainda prevê o pagamento de dividendos extraordinários, que não são uma obrigação legal”, afirmou o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar. Segundo ele, essa lógica desvirtua o papel estratégico da companhia e reduz sua capacidade de investimento em infraestrutura, transição energética e desenvolvimento regional.
Distribuição de proventos
De acordo com levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), entre 2021 e 2024, a Petrobras distribuiu R$ 472 bilhões em dividendos, dos quais R$ 65 bilhões foram classificados como extraordinários. O economista do Dieese, Cloviomar Cararine, destaca que esse montante representa 14% do total distribuído no período.
Para a FUP, o problema não está apenas no volume dos repasses, mas no destino dos recursos. “Estima-se que 43% dos dividendos totais tenham sido pagos a acionistas estrangeiros, o que equivale a cerca de R$ 203 bilhões saindo do país. Se somarmos isso aos acionistas brasileiros do setor privado, 63% dos dividendos beneficiaram o capital privado, altamente concentrado. São recursos que deveriam estar sendo usados para investimentos no Brasil”, reforçou Bacelar.
A federação defende uma nova política de distribuição que concilie a remuneração dos acionistas com os interesses públicos e sociais, priorizando reinvestimentos e fortalecendo o papel da Petrobras como agente de desenvolvimento nacional.
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