
Apesar de analistas indicarem riscos de desaceleração econômica e alta na inflação dos EUA, a China também tem muito a perder em um cenário de suspensão comercial. Especialistas consultados pelo BP Money concordam com a tese de que a economia do país asiático está em xeque caso as medidas perdurem no longo prazo.
Segundo André Franco, CEO da Boost Research, a dinâmica de produção na cadeia de suprimentos globais será alterada caso o cenário perdure. “O crescimento da economia chinesa fica ameaçado por essa incerteza, e não dá pra prever quem vai ceder primeiro nessa discussão”, afirmou.
Para o executivo, é muito difícil traçar previsões para o cenário com as contradições de Trump. “Se você tiver taxas altas na China, talvez a venda comece a acontecer por meio de outros países ou endereçar direto no mercado consumidor, quem sabe até fazer é o assembly das peças na China e mandar direto para os outros países.”
De acordo com gestor financeiro e o especialista em investimentos, Malon Glaciano, a escalada tarifária promovida pelos EUA atinge diretamente a “espinha dorsal” do crescimento chinês, que ainda depende fortemente das exportações industriais.
“Com tarifas estratégicas em setores como veículos elétricos, semicondutores e energia limpa, os EUA não apenas pressionam a competitividade da China, mas também obrigam o país a redirecionar seu modelo de crescimento.”
O especialista reforça que a disputa está menos sobre quem cede primeiro e mais sobre quem aguenta o tranco com menos desgaste. Pequim tenta reagir com estímulos internos e acordos comerciais alternativos, mas a pressão sobre sua economia, já fragilizada pelo mercado imobiliário e desemprego juvenil, aumenta a cada rodada tarifária.
Xadrez de décadas
O Secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, afirmou no domingo (13) que a intenção das tarifas é trazer a produção de produtos para solo norte-americano. Glauciano alerta que a estratégia, embora de longo prazo, tem potencial de reconfigurar o mapa industrial global e fortalecer o papel dos EUA como produtor de tecnologia de ponta.
O gestor comenta que a resposta chinesa passa por ampliar sua influência no Sul Global e aumentar o consumo interno, mas essa transição é lenta e arriscada. “Os dois países perdem no curto prazo, mas jogam um xadrez de décadas. Investidores atentos devem mapear os setores mais expostos a essa nova rota produtiva.”
Franco encabeça duas questões: quando as fabricas estarão prontas e quem trabalhará nelas? O dirigente destaca a possibilidade de a economia americana não suportar um novo polo produtivo e abrir portas para imigrantes de país do sul global, que já estarão inchados com produtos chineses, afetando suas economias.
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