

Atualmente, o reggae é uma filosofia e estilo musical consolidado no Brasil. Entretanto, 40 anos atrás, o grande público ainda desconhecia o significado de palavras como “Jah”, “Babilônia” ou “roots”. Esse florescimento do reggae no país se deu por vários motivos e, entre eles, está a existência da banda Tribo de Jah. Neste sábado (19), a banda, que está em turnê celebrando suas quatro décadas de existência, se apresenta no festival Positive Vibration e The Wall Reggae Festival, que acontece no Espaço Serra Bela, em Ibitipoca, a partir das 17h.
A banda irá se apresentar com sua formação original, que conta com Fauzy Beydoun (vocalista), Aquiles Rabelo (baixista), Netto Enes (guitarrista) e João Rodrigues (baterista), além do tecladista Francisco Guilherme (Frazão), que está de volta. Unidade Punho Forte, Maico Dias e Via Jah também se apresentam no festival. Alan Vidigal, Mujahli, Dedé Nazareth e João fazem participações especiais. Nos intervalos, a festa é comandada por DJ Claudinho, Asterix e Obelix e DJ Claudinho. O evento conta ainda com praça de alimentação e feira de discos de vinil e de artesanato.
Os ingressos podem ser adquiridos pela plataforma digital da Uniticket. Presencialmente, em Juiz de Fora, é possível comprar na Reggae Nation, Tabacaria Be Happy, Casa do Fumante e Bar Grajamaica, enquanto em Ibitipoca na Sana Gaya e The Wall.
Desbravadores do reggae
Há 40 anos, no Maranhão, Fauzi Beydoun, idealizador da Tribo de Jah, atuava como radialista quando conheceu a Banda Reflexo, que tocava em bailinhos no estado. Pelo reggae, se uniram, começando os trabalhos na Escola para Cegos em São Luís (MA). Nacionalmente, por mais que a figura de Bob Marley já fosse relativamente conhecida, o reggae ainda era pouco difundido. O oásis do gênero estava ali, na terra dos lençois maranhenses.
Os ensaios da banda eram raros no início, e as dificuldades, principalmente materiais, eram muitas. Mas com o primeiro LP, lançado em 1991, a tribo começou a ser conhecida. Mesmo que nesse momento ainda se sentissem “quase como uma andorinha solitária”, como fala Fauzy, o verão estava para começar. A banda começou a fazer shows em cidades do interior nordestino. Apresentaram-se em municípios do sertão cearense, pernambucano e baiano que nenhuma banda de reggae havia chegado. Foram para o Norte depois, apresentando-se na Amazônia, Pará e Amapá, chegando à Guiana Francesa.

“O pioneirismo da banda está muito associado a esse desbravamento, de tocar em muitas cidades interioranas nas regiões Norte e Nordeste. Além disso, fomos a primeira banda brasileira a transpor para o português a temática jamaicana. O que é ‘Jah’, ‘roots’ e ‘Babilônia’ trouxemos em nosso som também. Até então, ninguém fazia isso. Tivemos esse papel preponderante”, afirma Fauzy.
E esse pioneirismo nacional foi reconhecido internacionalmente. Além de terem realizado apresentações no Bob Marley Day, nos Estados Unidos, e tocado em países como Holanda, Itália, Marrocos, Cabo Verde e Japão, a Tribo de Jah é a única banda brasileira a ter se apresentado no Sunsplash Festival, maior festival de reggae da Jamaica. “Foi o maior desafio de nossas carreira”, destaca o vocalista. A maioria das pessoas não conhecia a banda, mas, gradualmente, “um foi quebrando o pescoço, outro que estava indo para a praça de alimentação parava para ouvir”, até que uma “apoteose” aconteceu, como relata Fauzy. Após o final, o alívio veio, assim como o reconhecimento da mídia local e o carinho dos fãs.
Atualmente, após quatro décadas e diversas apresentações, o público mudou e se expandiu, na mesma medida em que a banda e o próprio reggae. Hoje, é o momento de “colher os frutos”, como diz o vocalista da Tribo de Jah, após 19 álbuns inéditos, dois DVDs, dois documentários lançados e mais de dois milhões de cópias físicas vendidas, além dos sucessos “Uma onda que passou”, “Regueiros guerreiros” e “Morena raiz”.
O reggae hoje conta com diversas variações, como o dub, o dancehall, o roots e a filosofia dos rastas já bem conhecidos no Brasil. E para o show deste sábado, em Ibitipoca, que celebra o “roots” e as raízes jamaicanas do reggae, a Tribo promete um show com muitas trocas, tanto com o público quanto com a natureza. Está será a primeira vez da banda em Ibitipoca.
O evento
De acordo com Ricardo Nerval, um dos organizadores do evento, esta será a primeira vez que os dois festivais se unem. O organizador ressalta a importância e a represetatividade do reggae em Minas Gerais, como sendo um estado com muitas bandas e artistas. “Estamos trazendo essa vertente do reggae roots para Minas e sua essência.”
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*Estagiário sob supervisão da editora Cecília Itaborahy
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