Casino acelera saída do GPA (PCAR3) e abandona garantias bilionárias

Fachada de uma unidade do mercado Pão De Açúcar, empresa que pertence ao grupo GPA (PCAR3)
Foto: reprodução

O grupo francês Casino está acelerando seu plano de retirada do mercado brasileiro. Isso porque, em um novo movimento, o conglomerado europeu anunciou ao GPA (Grupo Pão de Açúcar) que deixará de oferecer garantias em processos fiscais que somam R$ 2,6 bilhões.

A decisão marca mais um capítulo do desembarque estratégico do Casino, que começou em 2023, quando reclassificou sua participação no GPA como “ativo para venda”, em meio à sua recuperação judicial na França.

Agora, o grupo avança com o corte de vínculos financeiros, indicando que não pretende mais sustentar os riscos do negócio brasileiro.

Controvérsia fiscal bilionária expõe fragilidade do GPA

A bomba fiscal gira em torno de uma disputa com a Receita Federal, relacionada à dedução de ágio — um valor adicional pago em aquisições — em operações realizadas entre 2007 e 2013. As autoridades questionam a validade dessas deduções, o que pode obrigar o GPA a desembolsar bilhões em impostos atrasados.

Até então, o Casino atuava como fiador do GPA, prestando garantias que blindavam a varejista de eventuais perdas nos processos. Com a renúncia, o GPA agora precisa buscar nova fiança bilionária para se manter em dia com o fisco.

No último balanço, o GPA revelou que essas contingências fiscais representam mais da metade de seu passivo tributário total, estimado em R$ 4,8 bilhões.

GPA reage e promete medidas legais contra decisão do Casino

A resposta do GPA veio no mesmo comunicado ao mercado: o grupo afirmou que discorda da retirada das garantias e seguirá considerando os compromissos válidos, prometendo adotar “todas as medidas cabíveis” para proteger seus interesses.

A companhia também garantiu que parte dos processos já teve decisões favoráveis e que, por ora, não há impacto imediato na liquidez da empresa.

Esse cenário remete ao episódio recente envolvendo o Assaí, antigo braço de atacarejo do GPA, que foi alvo de cobranças fiscais relacionadas a contingências herdadas do grupo. A empresa contesta a cobrança, alegando autonomia operacional após a cisão de 2021.

Investidores disputam o poder

O movimento de retirada do Casino não surpreende o mercado. Isso porque, em março de 2024, sua fatia no GPA foi diluída de 40,9% para 22,5% após um aumento de capital.

Sendo assim, a participação do grupo francês, que chegou a controlar a companhia em 2012, hoje vale cerca de R$ 237,5 milhões. Esse valor é considerado modesto diante do histórico de investimentos.

Enquanto os franceses batem em retirada, novos players avançam no tabuleiro. O empresário Nelson Tanure, conhecido por atuar em empresas em crise, lidera uma frente que inclui o Banco Master, o executivo Ronaldo Iabrudi e o próprio Casino.

Dessa forma, o grupo busca a troca do conselho de administração e propõe um novo colegiado com nove membros.

Porém, do outro lado, surge Rafael Ferri, fundador da GTF Capital. Ele detém 8% das ações reunidas por meio de alianças estratégicas, e quer garantir poder de voto na próxima assembleia, marcada para 5 de maio.

Além disso, ele conta com o apoio do grupo Coelho Diniz, rede de supermercados forte em Minas Gerais.

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