Inflação faz 58% dos brasileiros comprarem menos alimentos, diz Datafolha

Mais da metade dos brasileiros reduziu a quantidade de alimentos comprados por causa da inflação. É o que mostra o levantamento mais recente do Datafolha, que entrevistou pouco mais de 3 mil pessoas em todo o país. Entre quem tem menor renda, esse número é ainda maior.

+IPCA de março é o mais alto para o mês desde 2023, mostra IBGE

O levantamento do Datafolha indica que oito em cada dez entrevistados passaram por algum tipo de ajuste nos gastos por conta da inflação.

As ações mais comuns são parar de frequentar restaurantes, trocar produtos por versões mais baratas e diminuir o consumo de itens como café – que tiveram uma alta de preço substancial em janelas mais recentes.

Além disso, uma em cada quatro pessoas relatou que a quantidade de comida em casa não é suficiente. Seis em cada dez disseram que têm o necessário, ao passo que uma parte menor declarou que sobra. Os números não se alteraram de forma significativa em relação ao ano passado, dentro da margem de erro.

Além da alimentação, outras áreas também foram afetadas, mostram os dados da pesquisa. Cerca de metade dos participantes relatou ter cortado o uso de água, luz e gás e quase metade buscou novas fontes de renda.

Outras alternativas para equilibrar as finanças que foram citadas por entrevistados incluem menos compras de remédios, não pagamento de dívidas e contas de casa atrasadas.

Conforme o instituto Datafolha, fora ouvidas 3.054 pessoas com 16 anos ou mais em 172 municípios. A pesquisa foi feita entre os dias 1º e 3 de abril e a margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Relação da inflação com o atual governo

Lula está com sua popularidade nos piores níveis considerando seus três mandatos. Esse cenário, em partes, tem a ver com a inflação – em especial com a inflação de alimentos, com o tema virando artilharia política.

A pesquisa do Datafolha indica que uma parte considerável da população responsabiliza o governo federal pelos preços mais altos dos alimentos, já que mais da metade dos entrevistados indicou o governo como um dos principais fatores.

Uma parte menor vê o governo com responsabilidade parcial, enquanto outros disseram que ele não tem ligação com o aumento.

Mesmo entre quem pretende votar no presidente, a maioria reconhece algum grau de responsabilidade do governo na situação atual dos preços.

Outros fatores também foram apontados como causa do encarecimento de itens básicos. Os entrevistados indicaram a crise climática, os conflitos internacionais, a situação econômica dos Estados Unidos e o papel dos produtores rurais como influências relevantes.

Tomate, ovo e café disparam: veja alimentos que mais pesaram na inflação de março

O tomate foi o alimento com a maior alta de preço em março, ficou 22,55% mais caro em relação a fevereiro, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados nesta sexta-feira, 11, pelo IBGE.

O IPCA de março registrou alta de 0,56% no mês, uma desaceleração de 0,75 ponto percentual em relação ao registrado no mês anterior, quando a alta foi de 1,31%. No ano, o IPCA acumula alta de 2,04%.

O grupo Alimentação e bebidas respondeu por 45% do índice do mês. As principais altas foram no tomate (22,55%), café moído (8,14%) e ovo de galinha (13,13%), que juntos responderam por ¼ da inflação de março. O café moído já acumula alta de 77,78% nos últimos 12 meses.

Já a alta de 77,78% do café moído foi “impulsionada pelo aumento do preço no mercado internacional dada a redução de oferta do grão em escala mundial, com a quebra de safra no Vietnã devido a adversidades climáticas, as quais também prejudicaram a produção interna”, destaca Gonçalves.

Por outro lado, os dados de inflação mostram queda nos preços do óleo de soja, de 1,99%, do arroz, de 1,81%, e das carnes, com queda de 1,60% (mas acumula alta de 20% no ano). No grupo Alimentação fora de casa a alta foi de 0,77%, puxada pelos itens refeições (+0,86%) e cafezinho (+3,48%).

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