
Pelo menos uma vez ao ano, eu participo de alguns eventos científicos de geriatria e gerontologia. Na maioria das vezes, ocorrem fora de Juiz de Fora. Isso está mudando. Vale registrar aqui o pioneirismo e a coragem das Universidades locais: UFJF, Suprema e a Unipac. As importantes Faculdades de Medicina dessas instituições promoveram, com sucesso de crítica e de público, o I Congresso de Geriatria e Gerontologia da cidade. É o começo de um novo futuro. Não tenho dúvida de que outras edições estão a caminho.
Semana passada participei do XXIV Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia, realizado no Minascentro em Belo Horizonte. A cidade esteve muito bem representada com a participação de grandes nomes da medicina geriátrica. Com o tema “Envelhecimento e Tecnologia – Uma parceria entre gerações”, esse foi o segundo maior congresso do mundo. Não só pela qualidade, mas sobretudo, pelo número recorde de participantes: mais de 4 mil profissionais do país inteiro, com a intervenção qualificada de 296 palestrantes tanto do Brasil como de convidados internacionais. Nessa imersão cientifica, sem parar, eu escolhi e dei conta de participar de sete mesas-redondas, um Fórum temático, uma Roda de Conversa e um Hot Topics (sobre demência).
Os conteúdos das mesas foram. MR (1) – “Retratos do Brasil: Como estamos em 2025? Geriatria e Gerontologia; MR (2) – Perspectivas da atenção ao Idoso no SUS; MR (3) – Retratos do Brasil: Como estamos em 2025? Avanços nas Políticas Nacionais; MR (4) – Retratos do Brasil: Ensino: como estamos em 2025?; MR (5) – Politicas Públicas: o que a legislação prevê e o que temos na prática?; MR (6) – Atenção Domiciliar ao idoso na APS: avaliação para qualificação do cuidado; MR (7) – Retratos do Brasil: Como estamos em 2025? Ensino – Programas Pós-Graduação em Geriatria e Gerontologia.
Prezado leitor e leitora te apresento as siglas. MR (Mesa-redonda). Hot Topic é um tópico notável, que chama a atenção. Roda de Conversa é um papo descontraído, sem perder a cientificidade. APS (Atenção Primária à Saúde). Foram dias cansativos, com muita gente, fila para isso, fila para aquilo. Mas valeu a pena, o esforço físico e o investimento financeiro. Tive a oportunidade de conhecer outros profissionais. Outras abordagens. Outros ângulos da mesma questão. E nesses eventos, eu sempre faço um comparativo de como estamos na nossa cidade em relação às outras realidades sobre o tema tratado no Congresso.
Precisamos de mais investimento público (político) e financeiro. Esse foi o tom recorrente em várias falas apresentadas: avançamos muito pouco na oferta de serviços para as pessoas idosas no Brasil. Vivemos uma grande disparidade social e econômica que produz várias velhices brasileiras. A presença muito expressiva de inscritos no Congresso não vem acompanhada do interesse dos gestores na questão do envelhecimento. O que move essa gente, como a mim, é o nosso engajamento na causa. A nossa crença como no dito popular de que “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”.
A novidade, que eu destaco, está relacionada a uma outra nomenclatura que caracterize possibilidades de mudanças nas Instituições de Longa Permanência para Idosos. O que se coloca agora é a denominação de Unidades Residenciais de Cuidados – URC –, com um pouco mais de flexibilidade na rotina dos residentes.
Foi um excelente Congresso, sim! Ficou evidente diante da presença de mais de 4 mil profissionais inscritos o quanto que nós devemos prosseguir nessa luta de colocar o envelhecimento no dia a dia da cidade e do nosso país. As Conferências dos Direitos das Pessoas Idosas são um bom motivo para esse exercício e vão acontecer em breve. A nossa já tem agenda definida para o início de junho.
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