Israel amplia ofensiva militar para “maior parte de Gaza” e ordena novas desocupações

País intensifica operação militar e ordena deslocamento da população de diversos municípios do território palestino. Negociações por cessar-fogo seguem sem acordo.O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, anunciou neste sábado (12/04) que o exército israelense planeja expandir sua atual ofensiva na Faixa de Gaza para ocupar a maior parte do território palestino. Ele também ordenou que os moradores se retirem das zonas de conflito.

“Em breve, as operações do IDF [exército israelense] vão se intensificar e se expandir para outras áreas na maior parte de Gaza, e as zonas de combate devem ser evacuadas”, disse ele em um comunicado.

No documento, o ministro também anunciou que as tropas israelenses haviam concluído a tomada de um corredor na parte sul do território.

“O exército completou a tomada do Eixo Morag, que corta Gaza entre Rafah e Khan Yunis, e incorporou toda a região entre Morag e o Corredor Philadelphi [fronteira com o Egito] na zona de segurança israelense”, disse Katz.

Esta área, localizada entre o Corredor Philadelphi, ao sul, e o Eixo Morag, ao norte, abrigava mais de 200.000 palestinos antes do início do conflito, mas a população foi reduzida a algumas centenas após a destruição generalizada causada pelos ataques.

Katz acrescentou que o exército está expulsando a população do município de Beit Hanoun e de outros locais ao norte para ocupar a região e expandir a área militar do Corredor Netzarim, que atravessa a região central de Gaza. Na prática, o exército israelense divide o território palestino em três partes.

Em um anúncio separado, os militares ordenaram a evacuação dos residentes de Khan Yunis e áreas vizinhas depois que a força aérea israelense interceptou três mísseis disparados do sul de Gaza no início do dia.

“As tropas da IDF estão operando com força total na área e atacarão com intensidade qualquer local de onde os foguetes foram lançados”, disseram os militares no X.

Situação crítica

Desde o colapso do cessar-fogo entre Israel e o Hamas em meados de março, a nova ofensiva de Israel em Gaza deslocou 400 mil pessoas, enquanto os militares voltam a tomar áreas do território devastado pela guerra.

Mais de 1,5 mil pessoas foram mortas no mesmo período, segundo o Ministério da Saúde palestino, administrado pelo Hamas. Dezenas desses ataques mataram “apenas mulheres e crianças”, segundo o escritório de direitos humanos da ONU afirmou na última sexta-feira.

Agências da ONU também alertaram para a situação crítica vivida pela população do território palestino, que não recebe ajuda humanitária desde a metade de março.

As principais autoridades israelenses, incluindo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, defendem que a nova operação militar tem como objetivo pressionar o Hamas a libertar os 58 reféns restantes mantidos em Gaza.

O Hamas disse que a ofensiva não apenas “mata civis indefesos, mas também torna incerto o destino dos prisioneiros [reféns]”.

Nova rodada de negociações

Neste sábado, uma delegação do Hamas e mediadores egípcios se reúnem no Cairo para uma nova rodada de negociações por uma trégua.

“Esperamos que a reunião alcance um progresso real no sentido de chegar a um acordo para acabar com a guerra”, disse um enviado do Hamas à agência de notícias AFP.

De acordo com ele, o grupo palestino ainda não recebeu nenhuma nova proposta de cessar-fogo, apesar de relatos da mídia israelense sugerirem que Israel e o Egito haviam trocado documentos preliminares com demandas.

Segundo o jornal The Times of Israel, o Egito apresentou uma proposta para a transferência de oito reféns vivos e oito corpos, em troca de um cessar-fogo que duraria entre 40 e 70 dias e uma libertação substancial de prisioneiros palestinos.

A guerra em Gaza começou após o ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de 1.218 pessoas.

Bangladesh reúne 100 mil contra ofensiva em Gaza

Cerca de 100 mil pessoas tomaram as ruas de Daca, capital de Bangladesh, neste sábado, em protesto contra a nova ofensiva israelense em Gaza.

Os manifestantes carregavam centenas de bandeiras palestinas e entoavam slogans como “Palestina livre”. Muitos atacavam o presidente dos EUA, Donald Trump, e primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, acusando-os de apoiar Netanyahu.

O Partido Nacionalista de Bangladesh, liderado pela ex-primeira-ministra Khaleda Zia, e grupos de partidos islâmicos expressaram sua solidariedade à manifestação.

Bangladesh, uma nação de maioria muçulmana com 170 milhões de habitantes, não mantém relações diplomáticas com Israel e apoia oficialmente o reconhecimento dos territórios palestinos como um Estado.

gq (dw, afp, dpa, ap)

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