Crítica 2 | Viola Davis encanta e se diverte no formulaico thriller de ação ‘G20’

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Viola Davis é um dos maiores nomes do show business, prestigiada por sua camaleônica versatilidade nos vários ramos artísticos – seja no cinema, no teatro ou na televisão. Reconhecida como uma das lendas a integrarem o seleto grupo EGOT, Davis não apenas nos encanta com cada uma de suas atuações, como não tem medo de se aventurar em produções hollywoodianas de grande orçamento e cujo único objetivo é o entretenimento. Não é surpresa que ela tenha participado, por exemplo, do recente filme de ação distópica ‘Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes’, presenteando-nos com uma performance incrível como a odiosa Volumnia Gaul.

Davis não é nenhuma estranha ao gênero em questão, visto que também deu as caras como Amanda Waller nos dois filmes sobre o infame Esquadrão Suicida, e dominou os holofotes com uma interpretação fantástica em ‘A Mulher Rei’. Agora, ela retorna às produções de ação com o ambicioso ‘G20’ – um previsível título, ainda que levemente satisfatório, que chegou ao catálogo do Prime Video neste último dia 10 de abril. E, com nenhuma surpresa, o projeto cumpre todas as caixinhas convencionais que podemos imaginar: um grupo de reféns, um grupo de terroristas, uma subtrama política que serve como mote para as ações dos antagonistas, e uma heroína improvável que culminará em um final feliz – ao menos dentro do possível.

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A trama do longa acompanha Danielle Sutton (Davis), presidente dos Estados Unidos que, além de lidar com uma nação inteira, deve lidar com a filha adolescente rebelde, o filho mais novo introvertido e um marido que soa como a única peça mantendo a família estruturada – e as coisas escalam a um nível catastrófico quando, durante a cúpula do G20, um grupo de dissidentes une forças para cometer um ataque terrorista, unindo-se a traidores de Estado para cessar as forças protegendo a maior reunião governamental do planeta e transformar os líderes mundiais em reféns. O atentado ocorre como forma de protesto à proposta de unificação monetária defendida por Danielle, afirmando que isso é apenas mais uma forma de controle.

Conseguindo escapar das investidas de seus inimigos, a presidente se reúne com um pequeno grupo, que inclui o agente e segurança particular Manny Ruiz (Ramón Rodriguez), para resgatar os reféns – nem que isso signifique colocar a própria vida em risco para que os líderes e sua família fiquem a salvo. E, dentro desse espectro bastante conhecido (talvez remodelado para soar mais épico), as engrenagens funcionam bem e de forma prática, mas não podemos deixar de sentir uma certa “preguiça” criativa por parte do time por trás das câmeras em pegar páginas emprestadas de inúmeras obras similares para construir um explosivo pot-pourri.

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Patricia Riggen, conhecida por seu trabalho no elogiado filme do Disney Channel, ‘Lemonade Mouth’, pode não ter muita experiência em obras de ação, mas comandou alguns episódios da ótima série de ação ‘Jack Ryan’ e, em vez de ousar dentro de uma estrutura engessada, emula incursões dentro de sua zona de conforto para que os arcos narrativos sejam críveis, compreensíveis e cumpram seu simples propósito de entreter (como mencionado parágrafos acima). Temos planos abertos panfletários e que exaltam a importância da cúpula, uma fotografia sóbria que aposta em cores monocromáticas que variam do preto ao cinza, e uma metódica fotografia que dialoga com as personas. Em contraposição, planos em close refletem a humanidade dos chefes de Estado, em especial de Danielle, e uma montagem frenética é destinada às sequências de ação.

Cada uma das decisões tomadas por Riggen são óbvias demais; no final das contas, entretanto, isso não importa – pois sabemos qual é a finalidade desse longa-metragem. O roteiro, assinado a oito mãos (Caitlin Parrish, Erica Weiss, Logan Miller e Noah Miller), transborda de clichês e frases de efeito, buscando se equiparar a títulos como ‘Invasão à Casa Branca’ e ‘Salt’ conforme garante uma reciclagem constante de praticidades. Em outras palavras, somos capazes de prever cada um dos movimentos dos personagens e de que forma a narrativa será conduzida.

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Em compensação, o elenco nos encanta de maneira formidável. Davis tem plena noção do que o projeto irá exigir de sua conhecida flexibilidade artística, jogando-se de cabeça e divertindo-se do começo ao fim – além de utilizar sua magnética presença para nos alçar em êxtase. Antony Starr, dando vida ao mortal Rutledge, líder dos terroristas, volta a interpretação um vilão, mas foge totalmente de seu papel como Capitão Pátria em ‘The Boys’, oferecendo algo mais classicamente psicótico. E, compondo esse time estelar de performers, temos a presença bem-vinda de Anthony Anderson como Derek, marido de Danielle; Rodriguez em ótima forma como Manny; e Sabrina Impacciatore em uma presença mais leve como Elena Romano.

Se ‘G20’ falha em aspectos técnicos por reproduzir uma história narrada incontáveis vezes na indústria fílmica, ao menos é possível aproveitar o aplaudível comprometimento de atores e atrizes de ponta – com um óbvio destaque a Viola Davis em um despojamento de encher os olhos.

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