Apple pede à Anatel cancelamento de leilão da faixa de 6GHz

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De acordo com o site Teletime, a Apple pediu à Anatel para reverter sua decisão de leiloar a faixa de 6GHz para tecnologias móveis em 2026 — algo que está no centro de uma disputa entre empresas focadas em conectividade celular e segmentos que apoiam a evolução de tecnologias como o Wi-Fi.

Isso porque, desde 2021, a faixa era destinada a serviços não licenciados e usada principalmente para apoiar a implementação de tecnologias mais modernas (como o Wi-Fi 6E). Com a justificativa de haverem poucos equipamentos homologados, a Anatel voltou atrás de sua decisão inicial e anunciou o leilão para o próximo ano.

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A Apple, cuja maioria dos dispositivos atuais já suporta o Wi-Fi 6E (muitos deles, inclusive, também o Wi-Fi 7), argumentou em consulta pública sobre o assunto que o retorno ao direcionamento anterior por parte da Anatel poderá “garantir segurança regulatória” e “maximizar os benefícios” das tecnologias sem fio mais avançadas no Brasil.

Reverter a decisão de abrir a faixa completa de 6GHz para não licenciados prejudica severamente o futuro tecnológico e econômico do Brasil, interrompe vários provedores de serviços de Internet sem fio (WISPs), coloca em risco empregos na indústria de banda larga e cria instabilidade no ambiente regulatório.

Argumentando que hospitais, escolas e agências governamentais já investiram em equipamentos Wi-Fi modernos que operam em toda a faixa, a empresa destacou que a mudança acarretaria em novos custos para a obtenção de mais pontos de acesso — o que elevaria o custo de infraestrutura em instituições de saúde, educação, etc.

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A empresa também destacou que o uso do espectro não licenciado continua crescendo e que o Wi-Fi ainda é o principal meio de acesso à internet de usuários de redes móveis, destacando também o potencial da tecnologia em cidades inteligentes, telemedicina, automação industrial, dentre outras aplicações.

Limitar o acesso não apenas sufocará a inovação, mas também colocará o Brasil em desvantagem em comparação a outros países, que adotaram totalmente o uso não licenciado em 6GHz.

O posicionamento da Apple foi acompanhado pelo Conselho da Indústria de Tecnologia da Informação (Information Technology Industry Council, ou ITI). O grupo, que conta com a Apple e outras Big Techs (Amazon, Cisco, Google, Meta e Microsoft) como associadas, também pediu o cancelamento do leilão do espectro.

O ITI argumenta que oferecer a banda para redes móveis não trará “benefícios claros”, uma vez que os equipamentos necessários para utilizar a banda com essas tecnologias ainda não estão disponíveis — ao contrário dos equipamentos com suporte ao Wi-Fi 6E que já estão no mercado e em uso ativo e em constante crescimento.

Empresas de satélites se juntam ao coro

O leilão do espectro de 6GHz poderá ser prejudicial à Apple também no que se refere ao recurso de conectividade via satélite dos iPhones (que ainda não é suportado no Brasil, cabe destacar). A Globalstar, parceira da Maçã nessa empreitada, pediu à Anatel para adiar o leilão da faixa de 6GHz (6425–7125MHz) para depois de 2032.

Isso porque a companhia opera na faixa entre 6875–7055MHz para downlink de sinais de satélite no Brasil, a qual sobrepõe a área proposta para o 5G. Segundo a Globalstar, qualquer interferência nesse processo poderá impactar milhões de usuários — inclusive no desempenho do recurso de emergência dos dispositivos da Maçã.

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A Viastat e as empresas associadas da Abrasat também se posicionaram contra o leilão imediato da 6GHz e de outras frequências para o 5G, pedindo à Anatel o adiamento das licitações e a criação de regras mais claras para diminuir o impacto em tecnologias que usam satélites, como comunicação, aviação e transmissões de TV.

Até mesmo as operadoras de telefonia móvel (Claro, TIM e Vivo) se mostraram favoráveis ao adiamento do leilão para depois de 2030, argumentando que sua realização no ano que vem poderá sobrepor as obrigações de investimento que elas já devem cumprir com a implementação do 5G, a qual está em plena execução.

Será que teremos mudanças nesse cenário em breve? Acompanhemos.

via Mobile Time

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