Galípolo terá que explicar ao Senado operação entre BRB e Master

Gabriel Galípolo no Senado / Foto: Roque de Sá/Agência Senado

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, terá que prestar informações ao Senado sobre a compra do banco Master pelo BRB. Foi o que decidiu nesta terça-feira (1º) a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) ao aprovar requerimento do senador Izalci Lucas (PL-DF).

O requerimento foi aprovado de forma simbólica já no final da reunião da CAE, após ter sido colocado em votação pelo presidente, Renan Calheiros (MDB-AL).

Na última sexta (28), o BRB anunciou um acordo para ficar com 58% do capital total do Master, de Daniel Vorcaro.

No acordo informado pelo BRB a seus acionistas e ao mercado, foram incluídas duas operações do Master: o will bank e o Credcesta. Já Daniel Vorcaro irá para o conselho do Banco de Brasília.

Galípolo terá que explicar riscos

O senador Izalci Lucas, em seu requerimento, afirma que a operação entre BRB e Master envolve riscos que Galípolo precisa explicar.

Um dos riscos alegados pelo senador do Distrito Federal seria financeiro. Para o parlamentar, a operação envolve o risco de que o valor pago não reflita a real saúde financeira do Master, especialmente devido à sua carteira de “ativos controversos” (como precatórios e ações de empresas em dificuldade financeira).

“Se a diligência não identificar passivos ocultos ou superestimar os ativos remanescentes, o BRB pode acabar pagando um preço acima do justo”, diz Izalci.

O senador também alega que há risco Operacional na integração das operações. Para Izalci, mesmo que as estruturas dos bancos permaneçam separadas, sobretudo a coordenação estratégica e operacional sob a marca BRB pode gerar desafios.

“Diferenças culturais, sistemas legados incompatíveis e a necessidade de alinhar processos entre o BRB (focado em varejo e crédito consignado) e o Master (especializado em crédito consignado, câmbio e mercado de capitais) podem levar a ineficiências ou custos adicionais”, explica.

Há ainda, segundo o senador do DF, um risco regulatório no movimento entre as duas instituições financeiras, que passa pela aprovação do Banco Central.

“Embora haja especulações (em posts no X) de que o BC não criará empecilhos devido à possibilidade de evitar uma quebra do Master, atrasos ou exigências regulatórias inesperadas podem impactar o cronograma ou os termos da aquisição”, diz o parlamentar.

Dessa forma, o senador do PL considera que, acima de tudo, a operação pode causar um risco sistêmico no país.

O texto do requerimento afirma que o banco Master captou volumes expressivos via CDBs, apoiando-se na cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Alguns analistas sugerem que uma eventual quebra do Master poderia pressionar o FGC e causar um efeito cascata no sistema financeiro.

“Embora a aquisição pelo BRB mitigue esse cenário, qualquer instabilidade remanescente no Master durante a transição pode reacender preocupações no mercado”, conclui o senador.

Questionamentos ao Banco Central

Com a aprovação do requerimento, Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central terá que responder aos senadores da CAE os seguintes questionamentos:

1 – detalhes da operação de compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB), de maneira especial o percentual de ações ordinárias e preferenciais adquiridos e o novo desenho societário;

2 – BRB será o controlador pleno do Banco Master?

3 – qual será a posição do atual CEO do Banco Master a partir da aquisição pelo BRB?

4 – quais os critérios utilizados na segregação dos ativos do Banco Master? Quais ativos do Banco Master estão sendo adquiridos pelo BRB e quais estão ficando de fora?

5 – os possíveis riscos, consequências e chances de que os “ativos de duvidosa qualidade ou ativos podres” do Banco Master contaminem o patrimônio e as demonstrações contábeis do BRB, ocasionando potenciais prejuízos para o próprio BRB, para os seus funcionários e para a população do Distrito Federal, esses sim os verdadeiros proprietários do Banco e que podem ser prejudicados em caso de danos financeiros advindos dessa questionável e controversa operação;

6 – Segundo apuração do Valor Econômico, os depósitos elegíveis do Master representariam quase 50% da liquidez do FGC. É verdadeira essa afirmação?

Em caso de resposta positiva, é normal, regular e recomendável que apenas uma instituição financeira, no caso o Banco Master, “se aproprie” de quase metade dos recursos do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), fundo destinado a proteger o patrimônio de investidores pessoa física com até R$ 250.000,00 por CPF?

O post Galípolo terá que explicar ao Senado operação entre BRB e Master apareceu primeiro em BPMoney.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.