Brasil é destino atraente de investimentos, mas perde para pares emergentes

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O Brasil tem se tornado um destino atraente para alguns setores como o agronegócio, que possui forte presença global como exportador. Na perspectiva do economista Alex André, o país pode ser um foco de investimentos estrangeiros, especialmente no que diz respeito à transição energética.

Apesar das tensões geopolíticas, os investimentos diretos no país registraram um ingresso líquido de US$ 9,3 bilhões em fevereiro, segundo dados divulgados na última quarta-feira (26) pelo BC (Banco Central).

Mesmo com a entrada de capital, o país enfrenta entraves internos que precisam ser resolvidos. Entre eles, destaca-se o alinhamento da política monetária e fiscal com as expectativas dos investidores internacionais. Esse tema gera preocupação até mesmo entre investidores nacionais, que acompanham de perto a trajetória dessas políticas.

“Embora a política fiscal esteja cada vez mais expansionista, enquanto a política monetária segue restritiva, com juros elevados, acredito que entraves regulatórios estão sendo solucionados”, acrescentou o economista.

Além disso, há uma pressão do mercado interno por reformas administrativas e, principalmente, pelo cumprimento do arcabouço fiscal. Outro ponto de preocupação é a trajetória negativa do endividamento público.

Apesar das fragilidades fiscais, a política monetária conduzida pelo BC tem sido bem recebida pelos investidores internacionais. “O Banco Central brasileiro tem sido elogiado pela sua condução da política monetária, especialmente por sua atuação frente às pressões inflacionárias e às críticas de diversos setores da sociedade sobre suas decisões em relação à taxa de juros”, comentou Marcelo Tommasi, economista e sócio-líder de Corporate Finance da Crowe Macro Brasil.

Apesar da reconfiguração das cadeias globais, Brasil não deve captar nearshoring

Diante dos entraves fiscais que compõem o cenário brasileiro, o país pode perder a chance de captar o movimento de nearshoring — estratégia que consiste na terceirização de serviços ou na transferência de produção para países mais próximos — de algumas empresas.

“O Brasil não consegue captar esse movimento de forma plena nesse cenário, principalmente diante da política cada vez mais restritiva de outros países”, afirmou Alex André.

“Questões institucionais e regulatórias representam desafios para essas oportunidades, e seria necessária uma atuação governamental mais intensa e incisiva para facilitar a entrada de investimento estrangeiro”, acrescentou Marcelo Tommasi.

País tem ficado para trás em relação a pares emergentes, diz analista

De acordo com o economista Alex Andr, o Brasil “tem ficado para trás em relação a alguns países emergentes”. Segundo ele, a política interna dificulta a entrada de investimentos, tornando essencial a implementação de melhorias para reverter esse cenário.

Assim, entre as principais mudanças necessárias, economistas ouvidos pelo BPMoney destacam:

  • Melhoria na produtividade e na qualificação da força de trabalho, que se mantém estagnada e em níveis inferiores ao desejado. Os investimentos em educação ainda são insuficientes, e os gastos públicos têm tido pouco impacto na melhoria do nível educacional brasileiro.
  • Desburocratização e aprimoramento regulatório, facilitando o acesso a tecnologia e inovação para acelerar a entrada de capital estrangeiro.
  • Investimentos em infraestrutura, especialmente na área logística, um gargalo importante para a economia brasileira.
  • Aprimoramento da qualidade do gasto público, reduzindo desperdícios com processos que não agregam valor.

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