Selic deve ter mais altas até o fim do ano, apontam especialistas

juros-simples

A decisão de aumento na Selic, a taxa básica de juros do Brasil, veio em linha com dados do mercado e expectativas de analistas que detectaram uma inflação ainda aquecida. Apesar da alta, dados do boletim Focus e sinalização da ata do Copom (Comitê de Política Monetária) indicam desaceleração no ritmo de aperto monetário.

De acordo com Sérvulo Mendonça, Chairman da Holding SM, ainda que o BC (Banco Central) tenha dado sinais de estabilidade, não é possível afirmar que o ciclo de altas terminou. Para o presidente, o cenário permanece muito sensível a fatores como inflação, política fiscal e o contexto internacional.

O Banco tem mantido um discurso cauteloso, sinalizando que qualquer flexibilização da taxa depende de um cenário mais positivo para uma baixa na inflação. Mendonça aposta em uma abordagem mais gradual para e numa desaceleração:

“Acredita-se em um compromisso firme com cortes na taxa, mas também há margem técnica para iniciar um processo de redução gradual, desde que os dados mostram convergência inflacionária para a meta e que a sustentabilidade fiscal seja reforçada.”, explicou em entrevista ao BP Money.

O ciclo da Selic no momento prevê uma inflação de 15% até o final do ano de 2025. Com uma taxa de juros ajustada para 14,75% na última reunião, o foco do mercado está na previsão terminal, que revela de duas a três altas até o fim do ano, resume Ian Lopes, economista da Valor Investimentos.

Selic como um remédio

Os especialistas alertam que uma flexibilização precoce pode comprometer o controle da inflação e levar a uma disparada nos preços. “A redução da taxa antes do tempo pode provocar instabilidade no câmbio, aumento dos preços importados e diminuição da atratividade do país para investimentos estrangeiros”, alerta Mendonça.

A credibilidade do BC também ficaria em cheque, o executivo reforça que em um contexto fiscal delicado, os efeitos colaterais de um alívio precoce dos juros afetariam a economia como um todo: “a situação já não é ideal, mas pode piorar”, completou. 

Lopes faz uma paralelo com outros países emergentes como Chile, que também vive uma manutenção de sua taxa de juros com movimentos de subida gradual. O economista destaca a importância de uma” via de mão dupla” para a sucesso da política monetária:

“Se a gente mantém juros muito alto por muito tempo na outra na outra parte, a gente tem a economia mais travada, os investimentos travam, o crédito fica mais caro e o dinheiro sai da produção econômica.”

Ele compara a taxa de juros ao uso de um antibiótico: “Se a gente toma antibiótico por tempo demais, a gente fica resistente à bactéria e aí acaba piorando para uma situação futura. Se a gente tira antes da hora, a bactéria volta mais forte.  Então esse é o problema.

O post Selic deve ter mais altas até o fim do ano, apontam especialistas apareceu primeiro em BPMoney.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.