Queda nos fundos de ações: 91% registram perdas em 12 meses

Depois da recuperação de 4,87% em janeiro, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo voltou a recuar em fevereiro, derrubando, com ele, o desempenho dos fundos de ações.

De acordo com um levantamento realizado pela LUZ Soluções Financeiras junto a 214 fundos de renda variável mostra que, em fevereiro, 202 fundos, ou o equivalente a 94% do total analisado, encerrou o mês com rentabilidade negativa.

Em média, o retorno de todos os fundos pesquisados ficou negativo em 2,78% contra uma queda de 2,64% do Ibovespa. O fundo com maior perda chegou a cair mais de 10% somente no mês passado.

“O desempenho do mercado impactou a maioria das carteiras, com alguns fundos chegando a perder mais de 10% no mês”, explica Laura Adorno, consultora da LUZ Soluções Financeiras.

Desempenho no ano: maioria dos fundos de ações ainda está positiva

No acumulado de janeiro e fevereiro, 188 fundos ainda mantêm saldo positivo, com retorno médio de 2,44%, acima dos 2,09% do Ibovespa. No entanto, a longo prazo, a realidade muda.

“Em 12 meses, apenas 9% dos fundos mantiveram rentabilidade positiva. A média de perdas chegou a 9,27%, enquanto o Ibovespa caiu 4,82%”, destaca Adorno. O fundo que mais sofreu desvalorização nesse período registrou queda superior a 47%.

O estudo também considerou os períodos de 24 e 36 meses. Nestes intervalos, mesmo com a valorização acumulada do Ibovespa de 17,03% e 8,54% respectivamente, os fundos não conseguiram acompanhar o bom desempenho.

Em média, em 24 meses, a valorização ficou em 9,12% e, em 36 meses, o retorno acumulado é apenas 0,06%.

Categorias de fundos: quais se destacaram?

A pesquisa agrupou os fundos em nove categorias. A classe “Alpha Melhores Práticas” foi a única a apresentar rentabilidade superior ao Ibovespa nos prazos de 12 e 24 meses. “Enquanto o índice caiu 4,82% em 12 meses, essa categoria teve um retorno positivo de 2,68%. Em 24 meses, o desempenho foi ainda melhor, atingindo 24,76%”, aponta Adorno.

Por outro lado, os fundos “Alpha Ativismo Corporativo” e “Alpha Top Down and Bottom-UP” ficaram abaixo do Ibovespa em todos os períodos analisados. A classe “Alpha Dividendos” superou o índice em três dos prazos avaliados (mês, ano e 36 meses).

Piores desempenhos e maiores perdas

Entre os fundos com pior desempenho no acumulado de 2025, o SOLANA Ações FC FIA lidera as perdas, caindo 9,37% até fevereiro. Em seguida, o 3R CEDAR II LB FIA teve queda de 8,29%, figurando também entre os maiores recuos em 12 meses (-35,10%). O TRIGONO VERBIER FC FIA completa o ranking das três maiores perdas no ano, com recuo de 4,64%.

Em 12 meses, os destaques negativos foram os fundos ALASKA BLACK FIC FI Ações BDR Nível I (-47,74%) e ALASKA BLACK FIC FI Ações II BDR Nível I (-47,70%). A terceira maior queda foi do AF Invest Minas FI Ações (-36,41%).

“O fundo 3R CEDAR II LB FIA aparece entre os 10 piores em todos os períodos analisados. Já o META VALOR FI DE AÇÕES figura em quatro intervalos”, ressalta Adorno.

Melhores fundos: rentabilidade positiva mesmo na crise

Se por um lado algumas carteiras sofreram perdas expressivas, os 10 melhores fundos do estudo mantiveram desempenho positivo em todos os períodos.

No primeiro bimestre, essas carteiras acumularam retorno médio de 8,81%, cerca de quatro vezes superior aos 2,09% do Ibovespa. Em 12 meses, a diferença se acentuou: enquanto o índice caiu 4,82%, os 10 melhores fundos tiveram rentabilidade média de 12,87%.

Nos períodos mais longos, o desempenho dos destaques foi ainda mais expressivo. Em 24 meses, a média de retorno chegou a 34,81%, enquanto o Ibovespa valorizou 17,03%. Em 36 meses, os 10 melhores fundos acumularam 36,78%, mais que o dobro dos 8,54% do índice.

Entre os destaques do ranking, o fundo VERSA GENESIS FIA BDR Nível I obteve o melhor desempenho no ano, com alta de 14,93%. O segundo colocado foi o PERFIN UTI ALOC FC FIA, com retorno de 10,74%.

Nos últimos 12 meses, o BB Ações Alocação ETF IE FIA liderou com rentabilidade de 28,93%, seguido pelo BB Ações Equidade IS FI (27,94%) e Kadima Long Short Plus FC FIA (14,32%).

Adorno destaca que nenhum fundo figurou no ranking dos melhores em todos os cinco períodos analisados, mas seis carteiras apareceram em três rankings diferentes: AZ QUEST TOP LONG BIASED FC FI DE AÇÕES, FI FORD FPP MULT CRED PRIV – AGRE, RADAR FC FIA 60, SIC SCHRODERS MCLAS FI MULT CRED PRIV LP, SPX FALCON FC DE AÇÕES e VERSA GENESIS FIA BDR Nível I.

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