Nas vésperas da reabertura, expectativas sobre novo Mercado Municipal mobilizam Juiz de Fora

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Mercado Municipal tem data de inauguração marcada para 10 de abril, repleto de novidades (Foto: Felipe Couri)

“É o mesmo mercado, mas diferente.” A frase do Secretário de Turismo da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), Eduardo Crochet, resume o processo de mais de um ano de obras no Mercado Municipal de Juiz de Fora, parte do conjunto arquitetônico do Centro Cultural Bernardo Mascarenhas (CCBM). Seguindo a tendência dos grandes centros urbanos e da capital do estado, o espaço recebeu um investimento de R$11 milhões em obras, para tornar o imóvel tombado não só um lugar onde se comercializam hortifrutis, mas um verdadeiro conjunto de empreendimentos juiz-foranos em que se pode encontrar lazer, gastronomia e arte. Foram várias mudanças que tornaram o espaço mais acessível e mudaram o aspecto interno do imóvel, mantendo o que traz a identidade para o local, que na origem era uma fábrica têxtil. A data de inauguração foi marcada para 10 de abril. Às vésperas da reabertura, a Tribuna visitou o mercado e conversou com as pessoas que acompanharam as obras e vão compor o dia a dia do novo espaço da cidade.

Logo entrando no mercado, já é possível ver a diferença, com os ambientes integrados, entradas de luz natural e os boxes instalados de maneira padronizada. Outros aspectos também foram totalmente transformados: é o caso dos banheiros novos, do elevador panorâmico e do segundo andar, onde antes funcionava a Secretaria de Educação, e que agora passou a ser pensado para ambientar uma praça de alimentação. “Por dentro, tentamos manter essa arquitetura que conversa com os setores agrícolas e industriais, que já era a vocação do espaço, por ser uma fábrica. Nossa ideia era trazer o que é histórico e o que é moderno”, explica Crochet, sobre as plantas instaladas no local, assim como as estruturas de aço. A reforma deu a impressão, como afirma, de que o mercado cresceu, e apesar de não ter mudado de tamanho, de fato irá passar de 32 operações comerciais para 65 boxes, lojas e restaurantes, de acordo com a Prefeitura. 

Comerciantes têm expectativas altas com reabertura do mercado

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No total, são 65 espaços comerciais (Foto: Felipe Couri)

Mas para que isso fosse possível, foi necessário que os trabalhadores do mercado se afastassem do espaço durante todo esse tempo e ficassem instalados em tendas no estacionamento – o que, em alguns dos casos, afetou também as suas rendas. É o caso de Marco Aurélio Neto, responsável pelo Cardápio Mineiro, restaurante que há 23 anos ocupava o mercado, e que irá funcionar no segundo andar. “A nossa expectativa é muito boa, porque o mercado mudou da água pro vinho. É outro conceito. E acho que até a mentalidade dos boxistas mudou, pelo espaço que está sendo entregue”, conta. A expectativa dele, neste momento de passagem de um ambiente para o outro, é de um aumento de vendas de cerca de 40%. “Começamos no mercado porque acreditamos na importância desse espaço. E, agora, mais ainda.” 

Também é essa a expectativa de Davi Martins, que comanda a Linda Nata, uma casa de frios. Com experiência de 30 anos no mercado, ele percebia que nos últimos anos o comércio estava desfalcado, com vários espaços desocupados e um movimento menor que o desejado – agora, a expectativa é de mais produtores e até concorrentes. “Estamos esperando que seja um atrativo turístico.” Foi com a ideia de tornar esse um point para receber juiz-foranos e visitantes que a soteropolitana radicada na cidade, Elisabete Magalhães, conhecida como Bete Baiana, decidiu passar pelo processo de licitação para ter o seu restaurante no local. Pela primeira vez no mercado, e comercializando comida baiana, ela entende que esse é um local fácil para as pessoas se reunirem e encontrarem o seu trabalho – o que, para ela, estava sendo mais difícil após a pandemia de Covid-19. “Estou com muita vontade de começar a trabalhar e mostrar essa ancestralidade. As pessoas podem ir consumir, comprar seus produtos e artesanatos. Tudo que a gente precisa fica em um lugar só, e com facilidade.”

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Espaço de criação

 

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Espaço de exposição que homenageia Nívea Bracher já começa a ter exibições em abril (Foto: Felipe Couri)

Uma das grandes mudanças com a reforma foi a criação de um espaço cultural dentro do mercado. “Ele já era um espaço de produção cultural, mas não como agora. Queremos que seja uma usina de cultura”, diz o secretário. Esse espaço é composto por uma sala de exibição que, como explica Crochet, terá uma programação de filmes locais, nacionais e internacionais. Entendendo Juiz de Fora como um polo audiovisual, um dos conceitos que a prefeita Margarida Salomão (PT) enfatizou mais vezes durante a transição para o segundo mandato, o centro também conta com salas voltadas para a formação dos profissionais, podendo servir como estúdios, laboratórios e salas de aula.

Além disso, essa parte do mercado conta com uma galeria, batizada em homenagem a Nívea Bracher, próprio para abraçar diferentes expressões artísticas e instalações. “A primeira exposição vai contar a história desse centro histórico, mas também a história desta obra. Isso homenageia os trabalhadores que estão aqui, desde os projetistas aos engenheiros, que vão ter a sua história contada”, conta. A partir da inauguração oficial, a PJF também irá divulgar uma programação cultural de domingo a domingo, que ainda inclui um palco de apresentações localizado na praça de alimentação do local. Outro diferencial, no sentido de promover os espaços de criação, foi a instalação dos boxes voltados para artesanato, em um ambiente próprio e separado para isso, que contará com 25 artesãos. 

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No segundo andar, praça de alimentação conta com palco para shows (Foto: Felipe Couri)

Essência de Juiz de Fora

Durante as reformas, foi entendido que, para que se tornasse realmente um atrativo turístico no coração da cidade, era preciso fazer adaptações. “Colocamos banheiros universais, com acessibilidade e rampa para todos os lugares, em um espaço que foi construído há mais de um século, sem ter essa preocupação. Foi um desafio enorme, mas necessário para que seja um lugar para todos”, afirma. O projeto, como o secretário explica, levou em conta essa inspiração em outros espaços, que aproveitaram o patrimônio que já tinham para promover uma ocupação mais interessante da cidade.

No entanto, para dar a cara de Juiz de Fora, ele explica que o diferencial foi justamente mostrar a diversidade de produções que a cidade tem e como é capaz de conter, dentro de um ambiente, tudo isso. “Juiz de Fora é essa cidade que tem de tudo e que tem tudo para mostrar. Vamos mostrar isso desde o campo, com a produção agrícola, mas também com a charcutaria e o Queijo Minas Artesanal, as opções já preparadas com boa gastronomia, a nossa cerveja artesanal e a nossa produção artística”, destaca Crochet.

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