FGV: fiscal frágil do Brasil dificulta manter meta de inflação

Foto: Brasil/CanvaPro

Um “ciclo vicioso” de alta carga tributária, baixo investimento em infraestrutura e poupança pública negativa tem prendido o Brasil, segundo o economista Aloísio Araújo, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e do IMPA (Instituto de Matemática Pura e Aplicada).

“Sempre que o governo economiza com uma reforma, logo gasta com outra medida, como o aumento do salário mínimo. É um problema”, afirmou Araújo durante o evento Brazil: Macroeconomic Stability, Climate Change and Social Progress, na Universidade de Miami, nesta sexta-feira (21).

Além disso, o economista da FGV enfatizou que a dificuldade do Brasil em manter uma meta de inflação consistente em um cenário de fragilidade fiscal.

“Chile, Turquia e Brasil têm metas de inflação diferentes, e há algo por trás disso que ainda não entendemos completamente”, disse Araújo. 

O economista da FGV ressaltou ainda que, em economias como a brasileira, que tem uma alta carga tributária e déficit fiscal, há uma tendência natural de pressionar a inflação para cima, o que exige cautela na definição das metas.

Araújo, que atuou como consultor do BC (Banco Central) no início do regime de metas de inflação no Brasil, em 1999. Na época, as metas foram estabelecidas em 8%, 6% e, posteriormente, 4%. 

A crítica do economista da FGV se estendeu também à tentação de reduzir a meta de inflação de forma prematura, especialmente em um ambiente de instabilidade fiscal. “A inflação no Brasil oscilou em torno de 4,5%, e isso foi um indicativo de onde o país estava”, disse ele.

Em sua visão, a carga tributária no Brasil já exerce pressão também sobre o setor privado e limita as possibilidades de crescimento. Segundo ele, o governo tem uma economia negativa, sem capacidade de investir em infraestrutura, o que torna mais difícil a implementação de uma política fiscal eficiente que poderia, em um cenário ideal, reduzir a inflação e o endividamento.

Confiança do varejo fica em menor nível em quase 4 anos, diz FGV

confiança do varejo registrou o menor nível em quatro anos no mês de fevereiro. O dado foi divulgado pelo Icom (Índice de Confiança do Comércio) da FGV (Fundação Getulio Vargas). O índice caiu 3,8 pontos em fevereiro, para 85,5 pontos. Essa foi a menor pontuação desde abril de 2021 (85,3 pontos), comunicou Rodolpho Tobler, economista da fundação.

Para o economista, a piora nas condições de consumo, como juros altos e inflação mais pressionada, levou a um maior pessimismo entre os empresários do comércio.

O tom negativo dos empresários do setor, em fevereiro, esteve presente tanto nas respostas relacionadas ao presente quanto ao futuro. Isso é notado na evolução dos dois subindicadores do índice: o ISA (Índice de Situação Atual), que caiu 2,3 pontos, para 88,5 pontos, e o IE (Índice de Expectativas), que recuou 5,1 pontos, para 83,2 pontos. Tobler destacou que a queda no Icom foi a segunda consecutiva.

O indicador já havia contraído em dezembro, mas com uma variação muito próxima a zero (-0,1). No mês de janeiro, o índice recuou 2,8 pontos.

“De qualquer maneira, essas duas últimas quedas são bem significativas. No mês passado, estávamos com uma interpretação de esperar um pouco para ver se isso [tendência de recuo] se confirmava ou não, se foi um resultado pontual em janeiro”, disse, de acordo com o Valor.

“Mas agora vimos que fevereiro voltou a cair e o resultado [de queda] foi bem espalhado”, acrescentou o economista da FGV.

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