Indústria sinaliza desaceleração, mas tarifas trazem incertezas

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A estabilidade da produção industrial brasileira em janeiro, após três quedas, e a liderança do setor na criação de empregos formais mostram que a atividade industrial segue firme, mesmo com sinais de pior desempenho da economia. Para especialistas, o setor está em desaceleração gradual, mas a política tarifária dos EUA traz incertezas.

Segundo o economista Maykon Douglas, a ausência de crescimento mostra que o setor está respondendo “adequadamente” à alta dos juros. “No entanto, esse arrefecimento deve se evidenciar ao longo do segundo semestre deste ano, devido ao efeito defasado da política monetária”, pondera.

Já que há grande correlação entre a venda de bens industriais e o PIB (produto interno bruto), a estimativa é de que a indústria cresça 2,5% em 2025, após uma alta de 3,1% em 2024, lembra o vice-presidente do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia de São Paulo), Haroldo da Silva.

Dessa forma, o especialista concorda que o setor deve perder fôlego nos próximos meses, mas admite que a política tarifária dos EUA traz incertezas.

“Não se acredita em uma recessão, mas os eventos resultantes da guerra comercial americana são imprevisíveis, ao passo que podem tanto atrapalhar a indústria brasileira quando ajudar”, comenta Silva.

Para o especialista, o aço e o alumínio brasileiros devem sofrer com as taxas, mas outros mercados podem se abrir e trazer vantagens para os produtos industriais.

Incentivos do governo e investimentos estrangeiros podem sustentar indústria

O analista da Hike Capital Gianluca Di Mattina reforça cautela nas previsões para a indústria nos próximos meses. Por um lado, a estabilidade da produção industrial, a política monetária restritiva e a desaceleração da economia apontam para um crescimento moderado.

No entanto, o analista destaca que as políticas governamentais de incentivo e a continuidade de investimentos estrangeiros podem mitigar parte dos efeitos negativos, sustentando o desenvolvimento industrial em áreas estratégicas.

Para março, os dados da indústria ainda devem ser mistos, mas podem começar a decrescer até o meio do ano, avalia o analista do Andbank Fernando Bresciani.

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