Dólar cai quase 1% e fecha abaixo de R$ 5,75 em dia de apetite global ao risco

O dólar apresentou queda firme nesta sexta-feira, 14, e voltou a fechar abaixo da linha de R$ 5,75, em pregão marcado por forte valorização de divisas emergentes e de países exportadores de commodities. O real apresentou o melhor desempenho entre as principais moedas globais.

Perspectiva de estímulos econômicos na China, que tenta ampliar o consumo doméstico, e sinais de acordo no Congresso norte-americano para evitar a paralisação da máquina do governo deflagraram uma onda de apetite ao risco no exterior.

Operadores relataram provável entrada de capital externo para a bolsa doméstica, que subiu mais de 2%, com ganhos superiores a 3% dos carros-chefe Petrobras e Vale, em dia de avanço do petróleo e, sobretudo, do minério de ferro.

“A promessa de novos estímulos pela China a serem anunciados na semana que vem levantou o mercado de commodities e deu força para divisas emergentes”, afirma o gerente da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, acrescentando que o superávit do setor público consolidado em janeiro, acima das expectativas, também ajudou o real.

Em queda desde a abertura, o dólar furou o piso de R$ 5,75 após a primeira hora de negociação e registrou a mínima do pregão no início da tarde, a R$ 5,7123, em sintonia com máximas do Ibovespa.

Nas duas últimas horas da sessão, o dólar recobrou parte da força e ultrapassou o nível de R$ 5,74. Além da diminuição dos ganhos de pares do real, como o peso mexicano, houve certo desconforto com a possibilidade adiamento da votação do Orçamento de 2025 para abril.

A moeda norte-americana encerrou a sessão em baixa de 0,98% em relação ao real, cotada a R$ 5,7433. A divisa termina a semana com perdas de 0,81% e desvalorização de 2,92% nos seis primeiros pregões de março.

O governo chinês determinou que bancos e outras instituições financeiras ampliem o financiamento ao consumo e o uso do cartão de crédito. Há expectativas de que o governo anuncie medidas de incentivo ao consumo na segunda-feira, 17.

Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY operou em leve queda e rondava os 103,700 pontos no fim da tarde, graças ao enfraquecimento do euro. Iene e franco suíço, tradicionais refúgio de risco, tiveram o pior desempenho.

Divulgado no fim da manhã, o índice de sentimento do consumidor nos Estados Unidos, elaborado pela Universidade de Michigan, caiu de 64,7 em fevereiro para 57,9 em março (segundo levantamento preliminar), enquanto analistas previam 64.

O economista André Galhardo, consultor da plataforma de transferências internacionais Remessa Online, lembra que se acumulam sinais de perda de dinamismo da atividade nos EUA. Além do sentimento do consumidor, os índices de inflação ao consumidor e ao produtor de fevereiro, divulgados nesta semana, vieram aquém das expectativas.

“Esse cenário reforça a tese de desaceleração e aumenta a probabilidade de cortes nos juros pelo Federal Reserve ainda antes do segundo semestre”, afirma o consultor da Remessa Online.

Analistas afirmam que o real pode se beneficiar do resultado da chamada super Quarta, no dia 19, com decisões de política monetária nos EUA e Brasil. É dado como certo que o Fed vai manter a taxa básica, ao passo que o Comitê de Política Monetária (Copom) vai elevar a taxa Selic em 1 ponto porcentual, para 14,25%.

A expectativa se dá em torno de sinalizações para os próximos passos. Sinais de corte de juros nos EUA ainda neste ano conjugados com aceno do Copom de continuidade do aperto monetário tendem a aumentar a atratividade do carry trade e desestimular ainda mais a manutenção de posições compradas em dólar.

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