Reino Unido é criticado e pressionado após mandar Apple criar backdoor

Introduzindo a senha em um iPhone 15 Pro Max

A ordem do governo do Reino Unido para que a Apple construísse um ponto de acesso (uma backdoor) em seus dispositivos mundialmente está atraindo cada vez mais a atenção de terceiros.

Vale lembrar que a Maçã, no mês passado, removeu o recurso Proteção Avançada de Dados (Advanced Data Protection) do iCloud do país justamente para não ter que cumprir a ordem original do governo britânico, além de continuar brigando contra a medida.

Segundo informações da BBC, o caso chegou ao Tribunal de Poderes Investigativos (IPT, na sigla em inglês), um tribunal independente que tem o poder de investigar alegações contra os serviços de inteligência do Reino Unido. O problema, porém, é que a audiência, prevista para esta sexta-feira, está sendo mantida em segredo pelo governo — que não confirmou nem mesmo a participação da Apple.

Pressão externa e críticas

Tal falta de transparência do governo britânico fez com que outros países e grupos de direitos civis entrassem no meio da história.

De acordo com a Bloomberg, um grupo de legisladores bipartidários dos Estados Unidos pediu ao IPT que a audiência seja realizada publicamente, alegando que é “do interesse público” que quaisquer decisões sobre a suposta ordem não sejam realizadas em segredo.

Os legisladores apontam, ainda, que a demanda pela backdoor levanta sérias preocupações, inclusive que isso seria uma “clara e flagrante violação da privacidade e das liberdades civis dos americanos”, bem como “abriria uma séria vulnerabilidade para exploração cibernética por agentes adversários”.

Além disso, conforme noticiado pelo Financial Times, dois grupos de direitos civis (Liberty e Privacy International) também estão contestando a ordem do governo do Reino Unido, chamando-a de “inaceitável e desproporcional”, bem como alertando sobre “consequências globais”, já que a medida seria estendida a usuários de fora do Reino Unido. Eles também solicitaram que a audiência do órgão seja realizada em público.

A Privacy International e a Liberty temem que essa medida, ou medidas semelhantes no futuro, possam ser usadas ​​para minar a criptografia de ponta a ponta essencial para a proteção da privacidade e da liberdade de expressão.

Além deles, os grupos de direitos Big Brother Watch, Index on Censorship e Open Rights Group também solicitaram que o caso seja ouvido em público.

Esse caso implica nos direitos de privacidade de milhões de cidadãos britânicos que usam a tecnologia da Apple, bem como os usuários internacionais da Apple. Há um interesse público significativo em saber quando e com base em que o governo do Reino Unido acredita que pode obrigar uma empresa privada a minar a privacidade e a segurança dos seus clientes.

O governo do Reino Unido, por sua vez, alega que o avanço do caso não pode ocorrer publicamente já que há questões que afetam a segurança nacional. A própria Apple não comentou oficialmente sobre a audiência, uma vez que ela é proibida por lei.

via AppleInsider [1, 2]

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