EUA cobram explicações da Apple e de outras gigantes sobre IA e liberdade de expressão

Capitol dos Estados Unidos

O presidente do Comitê Judiciário da Câmara dos Estados Unidos, Jim Jordan, decidiu apertar o cerco contra o que ele chama de “censura” promovida pelo governo Biden.

Hoje, ele enviou cartas aos CEOs 1 de grandes empresas de tecnologia, como a Apple, a Microsoft, o Google, a Meta e a OpenAI, exigindo que elas entreguem documentos sobre como trabalham com inteligência artificial e se colaboraram com o governo para “restringir a liberdade de expressão”.

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Republicano aliado do presidente Donald Trump, Jordan quer saber se essas empresas se alinharam ao governo Biden ou a governos estrangeiros para “moderar ou suprimir conteúdos, especialmente aqueles ligados a vozes conservadoras”.

Ele afirma que o comitê que lidera está “preparando uma lei para proteger as liberdades civis dos americanos diante dos avanços da IA”. Para isso, diz precisar entender a fundo como funcionam os “esforços de censura” sob o governo atual.

Nas cartas, Jordan pede detalhes sobre as interações das empresas com o governo americano e com países como os da União Europeia, o Reino Unido e até o Brasil.

Ele quer documentos que mostrem se houve conversas sobre moderação de conteúdo em sistemas de IA, incluindo a exclusão ou redução da circulação de certas informações. O período coberto vai de 1º de janeiro de 2020 a 20 de janeiro de 2025 — ou seja, abrange parte do governo Trump e todo o mandato de Biden.

O republicano também menciona que já encontrou indícios de que o ex-presidente americano tentou coordenar esforços de regulação de IA com outros países — o que, segundo ele, poderia ameaçar a liberdade de expressão nos EUA.

Ele deu um prazo até 27 de março para as empresas entregarem os documentos e ainda pediu que preservem todos os registros relacionados ao tema — o que sugere que a investigação poderá se estender por um bom tempo.

Jordan repete estratégia usada em investigações anteriores

A movimentação do político americano não é exatamente uma novidade. Ele e outros conservadores, como o senador JD Vance, vêm há tempos acusando plataformas de redes sociais e governos de silenciar vozes da direita.

Vance, por exemplo, repetiu essas críticas recentemente na Conferência de Segurança de Munique, dizendo que a UE, ao tentar combater desinformação, estaria na verdade cerceando a liberdade de expressão.

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Agora, com a popularização de ferramentas de IA (como chatbots), a discussão ganhou um novo capítulo. Diferente das redes sociais, onde humanos decidem o que é moderado, os sistemas de IA geram respostas automaticamente.

Essas respostas são baseadas em dados de treinamento, tornando mais difícil provar que há censura intencional. Afinal, nem sempre é possível rastrear como e por que certas respostas são produzidas.

Até o momento, as empresas citadas não se manifestaram publicamente sobre as cobranças de Jordan. Entre as companhias que também entraram na lista estão a NVIDIA, Amazon, Anthropic, IBM, Adobe, entre outras.

Mas o assunto promete esquentar o debate sobre até onde vai o limite entre combater desinformação e proteger a liberdade de expressão, especialmente em um momento em que a IA está cada vez mais presente no dia a dia dos usuários.

via Bloomberg

Notas de rodapé

1    Chief executive officers, ou diretores executivos.
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