Setor de energia: futuro é promissor, mas ganhos devem sofrer aperto

Foto: Energia/CanvaPro

Ponto firme do Ibovespa nos momentos de maior crise, os papéis das empresas de energia elétrica podem ter de enfrentar um novo obstáculo nos lucros esse ano. Isto porque, o impasse vivido entre as geradoras e as agências de regulação do setor tende a afetar os ganhos, conforme indicado por especialistas.

Esse impasse nasceu a partir dos cortes de geração de energia realizados pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), no ano passado, essas interrupções em 1.445 usinas de energia eólicas e solares totalizaram 400 mil horas – equivalentes a 50 anos de geração elétrica. Um estudo da Volt Robotics, indicou que isso representa, na prática, um prejuízo financeiro superior a R$ 1,6 bilhão. 

Para indenizar as perdas com esses desligamentos, os geradores querem aumentar a conta de luz dos brasileiros, o que a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) considera irrazoável.

“As empresas do setor de energia listadas na bolsa podem enfrentar desafios diante dessa situação. A imprevisibilidade na geração e os potenciais prejuízos financeiros podem afetar diretamente suas receitas e, consequentemente, o valor de suas ações”, disse Fábio Louzada, economista e sócio-fundador da Eu me banco Educação.

Além disso, os estímulos aos investimentos nos projetos de energia renovável das empresas do setor também correm riscos, com a incerteza regulatória e os conflitos judiciais. Na visão de Louzada, isso pode afetar o crescimento e a competitividade dessas companhias no mercado acionário. 

“Investidores podem se tornar mais cautelosos, exigindo retornos mais altos para compensar os riscos percebidos, o que pode aumentar o custo de capital para essas empresas”, prosseguiu.

Perspectivas pós 4TRI24 das empresas de energia da Bolsa

O período de apresentação dos balanços financeiros para o quarto trimestre de 2024 está próximo do fim, mas algumas empresas de energia do Ibovespa já reportaram seus números, que, segundo Bruno Rocio, assessor de investimento na Raro Investimentos e profissional financeiro com o selo CFP®, foram expressivos com foco eficiência operacional e manutenção da robustez do fluxo de caixa.

Entre as principais empresas, a Engie Brasil (EGIE3) registrou um aumento de anual de 29,4% no lucro líquido ajustado, a R$ 1,060 bilhão, enquanto isso, a Copel (CPLE6) seguiu na direção contrária e sofreu uma perda anual de 39% no lucro líquido ajustado, a R$ 575,2 milhões. Já a Auren Energia (AURE3) encerrou o quarto trimestre do ano passado com um prejuízo líquido de R$ 363,6 milhões contra um lucro líquido de R$ 220,6 milhões registrado no 4TRI23.

Os resultados trimestrais da Taesa (TAEE4) e Eletrobras (ELET3) devem ser divulgados nos dias 18 e 13 de março, respectivamente, ao passo que o balanço da Isa Energia ainda não tem data.

“Houve, no geral, uma priorização em investimentos em redes de distribuição e transmissão, com o objetivo de garantir maior resiliência e qualidade no fornecimento de energia. Ainda, muitas buscaram ampliar a sua matriz energética com fontes limpas e renováveis, alinhando-se aos compromissos ambientais e sociais de cada companhia”, disse Rocio.

Mesmo diante de resultados mais sólidos, o especialistas ainda vê o aumento das despesas financeiras das companhias de energia como um grande desafio, por conta do alto custo de suas dívidas. 

“Isso se deve ao cenário macroeconômico atual com juros mais elevados, o que deve continuar pressionando ainda mais os custos de financiamento e investimentos futuros ao longo de 2025”, afirmou.

Considerando o futuro dos negócios, o setor de energia segue sendo um dos mais promissores do País, com novas oportunidades que, inclusive, já foram mapeadas pelas empresas. 

Bruno Rocio acredita que as principais janelas para o segmento este ano estão na expansão das energias renováveis, na modernização da infraestrutura de transmissão e no desenvolvimento de novas tecnologias de armazenamento de energia.

“Agora, seria essencial a continuidade dos incentivos governamentais e a evolução das regras do mercado livre de energia para impulsionar cada vez mais novos investimentos. A criação de sandboxes regulatórios para testar tecnologias inovadoras podem facilitar a adoção de soluções mais eficientes e sustentáveis”, comentou.

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