Primeiras Impressões | ‘Demolidor: Renascido’ traz o melhor da Marvel Studios à tona

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Depois de sete torturantes anos para os fãs, Demolidor está de volta com uma série inédita que acaba de chegar ao Disney+.

Os dois primeiros episódios de ‘Demolidor: Renascido’ foram lançados hoje, 04 de março – e trouxeram o gostinho de retornar a esse incrível cosmos da Marvel Studios após três sólidas temporadas exibidas na Netflix entre 2015 e 2018. E, ao menos nessas iterações iniciais, podemos ver que a atração da Casa Mouse é um deleite narrativo e performático que reinicia a história sem abandonar a essência e sem pensar duas vezes antes de promover espécies de “sacrifícios” para engajar os espectadores e garantir uma das melhores atrações do ano – ao menos até agora.

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O capítulo piloto estende-se ao longo de quase uma hora em um espetáculo audiovisual comandado pela habilidosa dupla Aaron Moorhead e Justin Benson. Guiados por um roteiro irretocável assinado por Dario Scardapane (que também criou a série), os diretores nos reapresentam a Matt Murdock (Charlie Cox), um advogado cego que também veste o manto do vigilante mascarado Demolidor, protegendo as ruas de Nova York contra bandidos e promovendo uma justiça que nem sempre pode ser cumprida por policiais e delegados. Acompanhado da repórter Karen Page (Deborah Ann Woll) e do colega de advocacia Franklin “Foggy” Nelson (Elden Henson), Matt se vê em um beco sem saída quando, ao enfrentar um de seus inimigos, se sente culpado por uma terrível tragédia – eventualmente, o levando a aposentar o traje e deixar sua vida como defensor para trás.

Tempos depois, Matt permanece buscando justiça e, embebido em uma realidade partida ao meio e que o força a enfrentar fantasmas de um passado não muito distante, vive um dia após o outro. Porém, as coisas mudam quando o vilanesco Wilson Fisk (Vincent D’Onofrio) retorna e anuncia sua candidatura a prefeito de Nova York – causando um alvoroço pessoal em Matt que o leva a enfrentá-lo, ainda que não da maneira convencional. Fisk, posando como uma “alternativa” para uma população estarrecida em meio a uma normatização política que não vai a lugar algum, transforma-se em uma versão ainda mais perigosa e ambígua da que conhecemos anos atrás, emergindo como um demagogo cujo único objetivo é controlar todos a sua volta através de um pavor silencioso e mortal.

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Como podemos imaginar, esse tom amalgamado entre drama político, suspense e incursões neo-noir rege o enredo do primeiro episódio e funciona do começo ao fim, principalmente por mostrar que as produções televisivas da Marvel têm muito a oferecer. Afastando-se do costumeiro tom de projetos cinematográficos do Universo Cinemático Marvel e seguindo uma espécie de “ineditismo” de títulos como a recente ‘Agatha Desde Sempre’, ‘Demolidor: Renascido’ é um ótimo trabalho de personagens que sabe o momento certo de expansão e retração, iniciando-se com o frenesi das histórias de ação antes de invadir um terreno mais dramático e melancólico. E, dentro desse espectro, é impossível desviar a atenção de um elenco fabuloso.

Falar da entrega de Cox parece redundante, da mesma maneira quando pensamos em D’Onofrio. Porém, na mesma medida, não discorrer sobre a forma que essa dupla se rende aos personagens que reprisam soa como um crime inafiançável: Cox nasceu para interpretar o personagem titular, navegando pela tênue linha entre a loucura e a sanidade conforme enfrenta situações traumáticas e uma montanha-russa emocional que emerge com o regresso de seu nêmesis. Forçado a considerar um retorno a seus dias de vigilante com a ascensão de Fisk, ele desenterra um antigo embate que coloca ambos em rota de colisão – e nada disso seria possível sem a presença magnética de D’Onofrio em uma ostentosa atuação.

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Também temos a presença de Woll como uma versão que carrega mazelas da mesma tragédia que acometeu Matt, funcionando como um polo paralelo e complementar ao arco do protagonista; Clark Johnson é uma adição bem-vinda a esse universo ao interpretar o aposentado oficial de polícia Cherry, que trabalhar com Matt; e Margarita Levieva encarna Heather Glenn, interesse amoroso do herói, nutrindo de uma química incrível com Cox sem estar unicamente sob sua sombra e em uma codependência narrativa. Em suma, cada um dos atores tem o seu momento de brilhar – e, nas próximas semanas, acreditamos que esses múltiplos arcos sejam expandidos de maneira concisa e crível.

Apesar de uma clara quebra no ritmo quando chegamos ao segundo capítulo, isso não significa que há qualquer alteração na qualidade artística que nos é presenteado – pelo contrário, é por esse motivo que nos sentimos parte desse vórtice de acontecimentos permeado por altos e baixos. No final das contas, o reinício promovido por ‘Demolidor: Renascido’ colhe frutos maduros e saborosos que podem estar premeditando uma das melhores séries do ano, ao menos até agora.

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