Juiz-foranos enfrentam falta de mais de 40 medicamentos fornecidos pelo Estado

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(Foto: Leonardo Costa)

A Farmácia de Minas, em Juiz de Fora, está com o estoque zerado de mais de 40 medicamentos essenciais para usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Conforme a versão atualizada de 2024 da Relação de Medicamentos Essenciais do Estado de Minas Gerais, o Estado deve fornecer 681 medicamentos para diversos tratamentos, além de 30 fitoterápicos.

No entanto, alguns desses medicamentos não são disponibilizados regularmente, prejudicando o tratamento dos pacientes. Na última quinta-feira (13), a Tribuna esteve no local e ouviu relatos de usuários, que preferiram não se identificar, sobre a escassez de remédios como Alenia, utilizado no tratamento da asma; Forxiga, indicado para diabetes; Dapagliflozina, para doenças renais; e Symbicort, prescrito para pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e asma moderada a grave.

Além disso, há medicamentos em falta desde 2021, como a Bromocriptina, utilizada no tratamento da doença de Parkinson e de estados hiperprolactinêmicos patológicos, incluindo amenorreia, infertilidade feminina e hipogonadismo. O medicamento também é indicado para pacientes com adenomas secretores de prolactina e para casos de acromegalia. Segundo o Informativo Mensal Abastecimento do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF), referente a janeiro deste ano e disponibilizado no site da Secretaria de Saúde do Estado (SES), o medicamento está em processo de aquisição.

Ainda de acordo com o informativo, diversos fatores podem influenciar o abastecimento dos medicamentos nas unidades dispensadoras, como a Farmácia de Minas localizada na sede da Superintendência Regional de Saúde. Entre eles estão processos de aquisição, logística, disponibilidade de insumos farmacêuticos, desvios de qualidade e atrasos na entrega pelos fornecedores. Esses fatores contribuem para a escassez de medicamentos disponíveis aos pacientes.

Ainda de acordo com o relatório, 69% dos medicamentos parcialmente ausentes aguardam entrega pelo Ministério da Saúde, enquanto 42% dos medicamentos críticos em falta também estão à espera do órgão. Além disso, 15% aguardam a entrega do fornecedor, 24% estão em processo de aquisição e 19% enfrentam atrasos na entrega pelo fornecedor.

A Tribuna entrou em contato com o Ministério da Saúde, questionando o motivo da falta de abastecimento, mas não houve retorno até o fechamento desta edição. 

Falta de informações sobre reposição

Os usuários ouvidos pela Tribuna relataram, ainda, dificuldades em obter informações sobre a reposição dos medicamentos. Segundo eles, a maior remessa costuma chegar no início do mês, aumentando as chances de disponibilidade nesse período. No entanto, após o dia 15, a reposição se tornaria mais incerta, conforme dizem.

Em nota, a Superintendência Regional de Saúde de Juiz de Fora (SRS/JF) informou que os medicamentos são recebidos apenas uma vez por mês. A pasta afirma que realiza o pedido ao almoxarifado central via Superintendência de Assistência Farmacêutica (SAF) nos dois primeiros dias úteis do mês, e a entrega ocorre até a segunda semana do mês seguinte, dependendo da disponibilidade em Belo Horizonte. Sobre a falta de medicamentos, a SRS de Juiz de Fora informa que a lista de medicamentos faltantes é publica e está disponível em https://ajudasaf.saude.mg.gov.br/informativo-mensal-abastecimento-ceaf.

Conforme a superintendência, o pedido mensal considera todos os pacientes já contemplados e novos deferimentos até o dia anterior ao pedido. “A aquisição e a distribuição dos medicamentos são centralizadas e realizadas pelo nível central da SES-MG.” Ainda conforme a SRS, a maior parte dos medicamentos é destinada aos pacientes de Juiz de Fora, atendidos na Farmácia de Minas da SRS/JF. Outra parcela é distribuída aos municípios da região.

Farmácia Popular se torna 100% gratuita

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou, na quinta-feira, a gratuidade total do Programa Farmácia Popular. Durante o Encontro Nacional de Prefeitos, em Brasília, ela explicou que, a partir de agora, todos os 41 itens do programa serão distribuídos gratuitamente nas farmácias credenciadas. De acordo com o Ministério da Saúde, a medida beneficia toda a população brasileira e terá impacto imediato para mais de um milhão de pessoas por ano, que antes precisavam arcar com coparticipação. Entre os itens incluídos, estão as fraldas geriátricas, que passam a ser fornecidas gratuitamente para o público elegível, como pessoas com 60 anos ou mais.

A pasta também destacou que o número de pessoas atendidas pelo programa aumentou de 20,7 milhões em 2022 para 24,7 milhões em 2024. Além disso, a ministra anunciou a ampliação do credenciamento para 758 cidades que ainda não contavam com o Farmácia Popular, com o objetivo de levar o programa a todos os municípios do país.

Criado em 2004, a iniciativa busca garantir o acesso da população a medicamentos essenciais de forma acessível e agora totalmente gratuita. Atualmente, a Farmácia Popular está presente em 4.812 municípios, cobrindo 86% das cidades e atendendo 97% da população, com mais de 31 mil farmácias credenciadas, incluindo Juiz de Fora. 

*estagiária sob supervisão da editora Fabíola Costa

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