IPCA veio dentro do esperado e pode mostrar tendência de queda

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O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) teve uma desaceleração para 0,16% em janeiro, o que já era prevista por agentes do mercado. A taxa foi a menor para o mês desde o início do Plano Real, em 1994.

Enquanto alguns especialistas consultados pelo BP Money avaliam que o índice mostra uma tendência de queda da inflação, ao que os investidores devem reagir positivamente; outros estão mais céticos e acreditam que o IPCA, com desaceleração fortemente influenciada pelo Bônus de Itaipu, deve voltar a subir nos próximos meses.

“O índice está dentro das expectativas de um controle mais eficiente da inflação”, diz o sócio-fundador da Septem Capital, Frederico Avril. “Os agentes do mercado provavelmente reagirão com uma expectativa de continuidade da desaceleração”, completa.

O IPCA mostrou recuo principalmente na energia elétrica, de 14,21%, mas ainda há pressões no transporte e alimentação, com altas de 1,30% e 0,96%, respectivamente.

“Não houve nenhuma surpresa no índice de janeiro em relação ao que o mercado já esperava. É um índice relativamente bom”, avalia o conselheiro da APIMEC (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais) Ricardo Coimbra.

Para o economista, os dados da inflação de janeiro geram possibilidade de um cenário até mais otimista que o apresentado pelo Boletim Focus desta segunda-feira (10), que projetou uma inflação acima da meta para 2025; e mostram que a política monetária do BC (Banco Central) está começando a surtir efeito.

Dessa forma, Coimbra destaca que, ainda que a tendência de alta na taxa básica de juros permaneça, alguns agentes do mercado acreditam que os dados podem fazer com que essa elevação seja de 0,75%, e não de 1%, como previsto anteriormente.

Outros economistas têm projeções mais pessimistas para o IPCA

O economista do ASA, Leonardo Costa, avalia que a desaceleração de janeiro ainda é modesta, considerando a elevação dos últimos meses. “O processo inflacionário ainda está em curso, com preocupação especial sobre o núcleo de serviços (que registrou taxa de 7,8% na média móvel de três meses)”, ressalta.

Segundo o economista Maykon Douglas, a continuidade da tendência de alta é evidenciada pelos núcleos de serviços e indústria, que permanecem altos. “O Copom terá de manter o plano de apertar ainda mais a política monetária a fim de conter essa degradação”, afirma.

Para Costa, o fim dos descontos na energia elétrica (em razão do Bônus de Itaipu) deve fazer com que a taxa seja mais pressionada em fevereiro, principalmente pelo aumento do imposto estadual sobre os combustíveis e o reajuste sazonal na educação.

Mesmo com a baixa em janeiro, a inflação em 12 meses foi 4,56%, percentual acima do teto da meta, de 4,5% (relativos à tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo em relação ao centro da meta, de 3%). Os ajustes de fevereiro devem distanciar ainda mais a taxa de 12 meses da meta para o ano, avalia Costa.

O sócio da The Hill Capital Marcelo Bolzan também afirma que a inflação deve acelerar a partir do mês que vem. “Acredito que esse dado não vai mudar em nada a trajetória de subida de juros pelo Banco Central para março“, opina, destacando que a alta de 1%, para 14,25%, já é amplamente aguardada por agentes do mercado.

Dessa forma, Bolzan não acredita que o resultado do IPCA deve exercer grande influência sobre o mercado nesta terça-feira (11), já que veio dentro das expectativas. “Acredito que o dia está muito mais focado nas tarifas de Trump para o aço e o alumínio”, diz o especialista.

Já o analista de investimentos do Andbank Fernando Bresciani avalia que a bolsa deve reagir positivamente, mas com cautela.

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