Crédito imobiliário surpreende em 2024, mas deve recuar com juros altos em 2025

Os financiamentos imobiliários com recursos da poupança totalizaram R$ 186,7 bilhões em 2024, crescimento de 22,3% em relação a 2023, de acordo com dados divulgados na última quarta-feira, 29, pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

O volume foi o segundo maior da história e ficou acima do previsto pela associação. Um ano atrás, a Abecip havia projetado um desempenho estável na concessão de empréstimos, na ordem de R$ 153 bilhões.

Para 2025, entretanto, a expectativa é de uma retração na ordem de 15% a 20%, para cerca de R$ 155 bilhões, motivada pela alta dos juros e esfriamento da demanda.

Entre os motivos que justificam o aumento na concessão de crédito no último ano estão o crescimento da economia brasileira acima do esperado, com avanço do emprego e da renda da população, alimentando a demanda pela aquisição da casa própria.

“O mercado imobiliário esteve bastante saudável em 2024, com crescimento dos lançamentos e das vendas de imóveis. Houve uma absorção relevante”, afirmou o presidente da Abecip, Sandro Gamba, em entrevista coletiva.

Já nos últimos meses de 2024, houve uma mudança relevante no cenário da economia, marcada pela alta da taxa básica de juros (Selic), bem como dos contratos futuros de juros. Esse quadro levou os bancos a iniciarem movimentos de subida nas taxas de juros do crédito imobiliário na virada de ano, o que deve esfriar o mercado nos próximos meses.

Líder no setor, a Caixa Econômica Federal ampliou os juros dos financiamentos habitacionais no início de janeiro. Antes, eles estavam na faixa de 9% a 10% ao ano. Agora, estão na ordem de 11% a 12%, patamar equivalente ao dos bancos privados, como Itaú Unibanco, Santander e Bradesco.

Se o quadro de juros no País continuar ascendente, os bancos podem ser pressionados a implementar novos ajustes nas taxas nos próximos meses, afetando ainda mais as perspectivas de financiamento imobiliário no ano, disse Gamba.

O presidente da Abecip citou que a concessão de financiamentos em janeiro seguiu aquecida, sem sofrer os efeitos dos aumentos de juros. Isso porque os contratos fechados neste mês já vinham sendo negociados antes do reajuste das taxas. “O efeito da alta dos juros não é imediato. O impacto deve vir nos próximos meses”, comentou.

A Abecip divulgou também que a inadimplência nos contratos de financiamento imobiliário atingiu o menor patamar da história. Os pagamentos em atraso no setor em 2024 corresponderam a apenas 1% de toda a carteira, o que representa um recuo perante o patamar de 1,4% visto ao fim de 2023. “A carteira de crédito imobiliária está bastante saudável”, disse Gamba.

Pela frente, existe um ponto de atenção. Como há um número grande de empreendimentos em obras, que serão entregues nos próximos meses, será importante monitorar um possível aumento nos casos de rescisões de contratos de vendas por clientes junto a incorporadoras.

“Não podemos afirmar que haverá impacto em distratos neste momento, mas as pessoas vão encontrar taxas maiores nos próximos meses em comparação com o passado. Então, vamos acompanhar”, disse o presidente da Abecip.

Ranking

Em 2024, a Caixa Econômica Federal se manteve como líder de mercado, respondendo por R$ 79,6 bilhões, ou 42,6% do volume total de financiamentos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) no ano passado.

Na sequência vieram Itaú Unibanco, com R$ 42,5 bilhões (22,9%); Bradesco, com R$ 38,1 bilhões (20,4%), Santander, com R$ 10,8 bilhões (5,8%); e Banco do Brasil, com R$ 8,3 bilhões (4,5%).

Os números da Abecip consideram apenas os financiamentos com recursos originados nas cadernetas de poupança, o SBPE, destinado a financiar moradias de médio e alto padrões.

Esses números não englobam empréstimos cujos recursos tiveram origem no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), destinado, por exemplo, aos financiamentos de habitações populares, dentro do Minha Casa Minha Vida (MCMV), até R$ 350 mil.

Em 2024, os financiamentos via FGTS somaram R$ 126 bilhões, alta de 29%. Para 2025, o orçamento do fundo destinado ao setor da habitação é o mesmo. Esse mercado é operado pela Caixa Econômica Federal.

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