DeepSeek: ‘ChatGPT da China’ sacode mercados e derruba ações de tecnologia; entenda

Nesta segunda-feira, 27, os mercados registraram forte queda nas ações de tecnologia, com os investidores reagindo ao lançamento da DeepSeek, chatbot de Inteligência Artificial (IA) da China.

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Com um novo entrante nesse universo que movimentou bilhões de dólares em um passado recente, companhias vinculadas à Inteligência Artificial derreteram. A Nvidia, que se tornou a empresa mais valiosa do mundo há poucos dias, recua 16% na Nasdaq, perdendo mais de US$ 380 bilhões de valor de mercado – no câmbio atual, mais de quatro vezes o valor de mercado da Petrobras.

A DeepSeek lançou um assistente gratuito que, segundo ela, usa chips de baixo custo e menos dados. A novidade gerou preocupações sobre os retornos no setor de IA e a necessidade de chips caros. Na Europa, as ações da fabricante de equipamentos para chips ASML caíram 7%.

A barreira de entrada do segmento, que parecia ser altíssima, pode agora ser encurtada pela DeepSeek e ameaçar outras gigantes do setor. Isso, porque o valor de mercado de companhias de IA –  como a OpenAI, dona do ChatGPT – está atrelado à capacidade de treinar modelos e o volume dos datacenters.

No caso dos datacenters, há uma demanda gigantesca de capacidade de processamento, requerendo hardware de ponta, ao passo que o treinamento de modelos demanda dados catalogados em grandes quantidades.

A Deepseek é um modelo que demanda muito menos capacidade computacional, além de ter um código-fonte aberto, permitindo que qualquer pessoa baixe o modelo, e o rode localmente, oferecendo serviços concorrentes sem grandes custos.

Isso gera um grande impacto, dado que empresas como a OpenAI operam no formato de Software as a Service (SaaS), em que o modelo roda nos servidores da empresa e não na máquina do usuário – impedindo a cópia por concorrentes e a possibilidade de criação de novas alternativas, aumentando as barreiras de entrada do mercado.

Com isso, as empresas menores agora podem competir diretamente com gigantes como OpenAI, já que o custo de entrar nesse mercado está substancialmente mais baixo.

Além disso, os modelos centralizados que demandam grande infraestrutura se tornam menos atrativos. Daí que deriva a queda das ações da Nvidia, já que a companhia ganhou trilhões de dólares em valor de mercado á medida que seu hardware de ponta desempenha um papel crucial na infraestrutura tecnológica do segmento de IA.

O impacto em concorrentes chegou até mesmo a abalar outras fabricantes de equipamentos como a brasileira WEG, ou a Siemens.

DeepSeek promete reduzir custo de US$ 100 milhões para US$ 6 milhões

O chatbot da startup da China, DeepSeek, usa menos dados e custa uma fração do custo dos modelos de empresas já estabelecidas, segundo a própria empresa.

A notícia do lançamento ganhou força e a ferramenta chegou a ultrapassar o ChatGPT em termos de downloads na App Store.

Jon Withaar, gerente sênior de portfólio da Pictet Asset Management, disse à Reuters que ainda não há pleno conhecimento sobre os detalhes do projeto, mas se houve realmente um corte de custos de US$ 100 milhões para US$ 6 milhões – como está sendo ventilado – isso é ‘realmente muito positivo para a produtividade e para os usuários finais de IA’,

De fato, ainda se sabe pouco sobre a ferramenta, fruto de uma startup sediada em Hangzhou. Em dezembro de 2024, os pesquisadores da companhia publicaram um artigo alegando que o modelo DeepSeek-V3 usou chips H800 da Nvidia para treinamento, gastando menos de US$ 6 milhões.

Marc Andreessen, empresário do Vale do Silício que co-fundou a Mosaic e Netscape, disse, em suas redes sociais, que o modelo da DeepSeek é o ‘momento Sputnik’ do universo de IA, em alusão ao lançamento do satélite da União Soviética durante a corrida espacial.

“O Deepseek R1 é uma das descobertas mais incríveis e impressionantes que já vi – e, como código aberto, é um profundo presente para o mundo”, disse, em postagem no X, antigo Twitter.

Vale destacar que, por conta da menor demanda de hardware, o modelo da DeepSeek é otimizado para consumir menos recursos computacionais tanto no treinamento quanto na inferência, o que abre espaço para aplicações em dispositivos menores, como smartphones ou servidores locais.

O ‘ChatGPT da China‘ utiliza avanços em aprendizado profundo, mas com modificações que priorizam compressão de modelo, com técnicas como quantização e podas (pruning), que reduzem o tamanho do modelo sem comprometer significativamente a precisão, além do treinamento eficiente, com uso de dados pré-catalogados de maneira mais seletiva, reduzindo o custo e tempo de treinamento dos modelos.

Além disso, a DeepSeek, por poder ser executado localmente, em máquinas comuns, aumenta a privacidade.

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