Colômbia e México bloqueiam entrada de aviões com imigrantes deportados dos EUA

O presidente colombiano, Gustavo Petro, exigiu que os expatriados fossem tratados com dignidade em sua viagem de volta ao país sul-americano. México tomou decisão similar.Após a deportação de imigrantes brasileiros algemados pelos EUA gerar um atrito diplomático entre Brasília e Washington, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, afirmou que seu país não permitirá a entrada de aviões militares americanos com expatriados colombianos caso eles não recebam um tratamento digno.

Segundo a agência de notícias Reuters e veículos de imprensa dos EUA, o México tomou decisão similar na última semana.

“Os EUA não podem tratar os migrantes colombianos como criminosos. Desautorizei a entrada de aviões americanos com migrantes colombianos em nosso território. Os EUA devem estabelecer um protocolo de tratamento digno para os migrantes”, afirmou Petro em uma mensagem em sua conta no X.

Em outra publicação, o presidente colombiano compartilhou um vídeo da chegada dos brasileiros algemados em Manaus e disse que mandou “devolver os aviões militares americanos que vinham com migrantes colombianos”. Segundo a Reuters, dois aviões militares tiveram a entrada negada por Petro.

“Um migrante não é um criminoso e deve ser tratado com a dignidade que todo ser humano merece”, afirmou. “Não posso fazer com que os migrantes fiquem em um país que não os quer, mas se esse país os devolver, deve ser com dignidade e respeito por eles e por nosso país”.

Petro também demandou que deportados colombianos sejam enviados em “em aviões civis”. Ele ainda afirmou que há 15.660 americanos vivendo na Colômbia de maneira irregular. “Devem se dirigir ao nosso serviço de imigração para regularizar a sua situação”, completou.

Horas após a fala de Petro, a embaixada americana na Colômbia informou que vai fechar o processamento de vistos de colombianos interessados em viajar para os EUA.

Tensão diplomática no Brasil

O anúncio colombiano ocorre em meio à polêmica envolvendo vários países da América Latina sobre as deportações como parte da política migratória do presidente americano, Donald Trump.

Neste sábado, o Itamaraty denunciou o uso de algemas e correntes pelas autoridades americanas contra cidadãos nascidos no Brasil em território brasileiro, o que a pasta chamou de “degradante”.

“O uso indiscriminado de algemas e correntes viola os termos de acordo com os EUA, que prevê o tratamento digno, respeitoso e humano dos repatriados”, disse o Itamaraty, em nota.

Brasília possui acordo com Washington desde 2018 para a realização de voos de repatriação. Segundo o ministério das Relações Exteriores, o Brasil apenas aceita o procedimento “para abreviar o tempo de permanência desses nacionais em centros de detenção norte-americanos”.

México recusa pouso de aeronave militar

Relatos de oficiais americanos e mexicanos obtidos pela Reuters e pelo canal de notícias americano NBC News indicam que o México também recusou um pedido da Casa Branca para permitir que uma aeronave militar dos EUA deportando migrantes pousasse no país.

Aeronaves militares dos EUA realizaram dois voos semelhantes, cada um com cerca de 80 migrantes, para a Guatemala na sexta-feira. No entanto, o governo não conseguiu avançar com o plano de fazer com que um avião de transporte C-17 pousasse no México na última sexta-feira, após o país negar a permissão.

Em um comunicado divulgado na sexta-feira à noite, o Ministério das Relações Exteriores do México, disse que o país tinha um “relacionamento muito forte” com os EUA e cooperava em questões como imigração.

“Quando se trata de repatriações, sempre aceitaremos a chegada de mexicanos ao nosso território de braços abertos”, afirmou o ministério, sem mencionar o incidente.

Países latino-americanos se preparam para receber deportados

Na sexta-feira, a Casa Branca informou que as deportações de migrantes haviam começado, em referência à promessa de campanha de Trump de realizar a maior operação de expulsão em massa de estrangeiros na história dos Estados Unidos. No mesmo dia, os dois primeiros voos de deportação chegaram na Guatemala.

Para se preparar para as deportações, vários países latino-americanos lançaram programas para “receber de volta” seus cidadãos.

O governo mexicano disse que planeja abrir nove abrigos para seus cidadãos e outros três para estrangeiros deportados, em um esquema chamado “México abraça você”.

Claudia Sheinbaum acrescentou que o governo forneceria assistência humanitária aos migrantes deportados de outros países antes de repatriá-los.

Honduras, um país da América Central que também é uma grande fonte de migrantes para os Estados Unidos, disse que estava lançando um programa para os repatriados intitulado “Irmão, volte para casa”, que incluiria um pagamento de “solidariedade”, alimentos e acesso a oportunidades de emprego.

gq (AFP, Reuters, Agência Brasil, ots)

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