Educação para contornar o perigo das redes

editorial

As redes sociais se tornaram uma extensão da relação humana. Como fazer uma viagem e não postar nos stories? No dia a dia, conferir o feed do Instagram ou publicar um comentário do X (antigo Twitter) tornou-se parte da rotina. E, em quantidade saudável, estar conectado pode trazer uma série de benefícios, como conversar com um parente distante ou aprender uma receita nova. No entanto é fundamental estar atento aos impactos que essas ferramentas podem ter sobre os usuários, especialmente quando se trata de crianças e adolescentes.

Como mostra a manchete da edição deste domingo (26) da Tribuna de Minas, 93% dos jovens brasileiros entre 9 e 17 anos estão presentes na internet. Os dados, retirados de uma pesquisa realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), mostram que cerca de 83% dessas crianças e adolescentes têm perfis em redes sociais como WhatsApp, Instagram, TikTok e YouTube.

De fato, essas redes possuem conteúdos atrativos para essa faixa etária, alguns até educativos, porém podem expor as crianças a conteúdo inadequado, como violência, linguagem imprópria e bullying. Ainda conforme exposto na reportagem, um projeto de lei (2.628/2022) estabelece uma idade mínima de 12 anos para criação de contas em redes sociais, além de criar regras para a publicidade digital para essa faixa etária.

No momento, o texto segue em discussão, mas, caso aprovado, significará um passo adiante na regulamentação das redes sociais, assunto ainda incipiente na legislação brasileira. Afinal, para evitar consequências negativas quanto ao uso das redes, é preciso preparar, desde o início, as novas gerações para lidar de forma saudável com as tecnologias digitais, promovendo o uso consciente, ético e equilibrado.

O caminho é a educação, conforme o especialista entrevistado na matéria, professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFJF (PPGCom), Jonathan Mata. De acordo com ele, “todos nós sabemos do peso e até mesmo do efeito contrário que a palavra ‘proibição’ causa”. E, de fato, a maneira mais eficaz de estimular um adolescente a fazer algo é simplesmente proibi-lo.

A educação começa a partir da inclusão digital e deve ser voltada principalmente para pais e responsáveis. Ficar atento aos perigos das redes sociais e entender que os usuários, independentemente da idade, são produtos de um modelo de negócio, que lucra a partir da publicidade e da utilização de nossos dados.

A atual geração de responsáveis parentais precisa estar preparada para enfrentar os desafios de um mundo altamente conectado na era da inteligência artificial. Isso inclui, especialmente, lidar com questões relacionadas à segurança física, emocional, psicológica e moral de crianças e adolescentes nos ambientes virtuais.

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