Petroleira Prio tem planos de entrar em um leilão da ANP pela 1ª vez

A Prio, que completa dez anos neste mês, tem planos de participar pela primeira vez este ano de um leilão de blocos exploratórios da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A licitação está prevista pelo governo para junho e o foco da petroleira será buscar blocos próximos aos seus ativos. Com isso, a empresa espera aproveitar a sinergia entre as suas operações. A companhia também tem interesse na fatia da Equinor no campo de Peregrino, onde adquiriu 40% participação no ano passado.

De acordo com o presidente da Prio, Roberto Monteiro, a consolidação do setor entre as chamadas petroleiras “juniors” ainda não terminou e pode abrir oportunidades. “Nós somos uma companhia que saiu de seis mil barris por dia de petróleo, em 2015, com 100 pessoas trabalhando, para uma companhia de aproximadamente 120 mil barris por dia (bpd), com 2 mil pessoas”, disse Monteiro ao Estadão/Broadcast. Ele lembra que, no começo, foi preciso estender a vida útil do campo de Polvo, que seria abandonado em 2016 pelo antigo controlador.

MAIS VALOR

As ações da Prio acompanharam essa evolução, saindo de alguns centavos em 2015 para um patamar acima de R$ 40 atualmente. Na avaliação de Monteiro e de alguns bancos de investimento, elas ainda não refletem o real valor da companhia. O gatilho para a alta dos papéis será a liberação das licenças ambientais pendentes no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). “(Temos) Uma fila indiana de uns dez pedidos”, diz ele, ressaltando que todas as informações pedidas foram atendidas e que o problema é a falta de pessoal no órgão ambiental.

Além do campo de Wahoo, a demora do Ibama tem segurado também a produção do campo de Tubarão Martelo, que está com dois poços parados há um ano à espera de anuência para a troca de duas bombas da plataforma. Com isso, a produção que poderia ser de 16 mil bpd tem sido de 12 mil bpd, informou Monteiro.

“A gente teve um ano de 2024 difícil, por conta de licenciamento do Ibama, e esse continua sendo o grande gatilho para a valorização das nossas ações. Mas houve coisas positivas: ganhamos uma arbitragem contra a (petroleira) IBV, por 36% do campo de Wahoo, compramos parte de Peregrino, e mesmo assim nossa ação não se mexeu. Achamos que tem um grande catalisador que deve acontecer, que é o licenciamento ambiental”, afirmou.

Segundo ele, o pedido de licenciamento referente a Wahoo envolve a perfuração de quatro poços, que podem chegar a seis, e a instalação de linhas do sistema de produção. Os equipamentos para realizar as atividades (sonda e navio de lançamento de linhas flexíveis) são de propriedade da Prio. Já o navio de lançamento de linhas rígidas é terceirizado e custa o preço de uma sonda, explicou Monteiro.

“Até o final do mês vamos ter de tomar a decisão se estendemos ou não o contrato desse navio”, disse, informando que o custo do projeto de Wahoo é de US$ 800 milhões (R$ 4,8 bilhões) e já foram gastos US$ 600 milhões (R$ 3,6 bilhões) em equipamentos.

Monteiro pretende continuar a preparar terreno para os planos internacionais da companhia no Golfo do México.

Já para 2026, a previsão de Monteiro é focar no redesenvolvimento do campo de Albacora Leste, na bacia de Campos, adquirido em 2023, que segundo ele deverá ter o mesmo tratamento do campo de Frade, que passou dos 17 mil bpd para 60 mil bpd após a revitalização. “É um campo que pode ter o mesmo potencial de Frade. Em 2025, será Wahoo, e em 2026, Albacora”, disse Monteiro sobre os focos da companhia.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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