Dólar cai 0,85% com exterior após sinais de Trump e inflação nos EUA

O dólar encerrou a sessão desta terça-feira, 14, em queda firme no mercado doméstico, alinhado ao comportamento da moeda americana no exterior. Informações de que a nova administração Donald Trump pode optar por imposição gradual de tarifas de importação, aliadas à leitura benigna da inflação ao produtor nos EUA, deram fôlego a divisas emergentes.

O real apresentou hoje o melhor desempenho entre as principais moedas globais, seguido pelo seu principal par, o peso mexicano. Operadores afirmam que o dólar passa por uma acomodação no mercado local, com investidores promovendo realinhamento de posições neste início de ano, após o forte estresse que marcou dezembro.

Com mínima a R$ 6,0410, na última hora de negócios, o dólar terminou o dia em queda de 0,85%, cotado a R$ 6,0464. Com o escorregão de hoje, a moeda passa a acumular em janeiro queda de 2,16% em relação ao real, após ter avançado 2,98% em dezembro e encerrado 2024 com ganhos de 27,34%.

Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY recuava mais de 0,60% no fim da tarde, com mínima aos 109,204 pontos. A moeda americana ganhou terreno, porém, em relação ao iene e a libra, que segue negociada nos menores níveis desde novembro, apesar dos esforços do Reino Único para demonstrar comprometimento fiscal.

Entre commodities, os preços do petróleo recuaram com as notícias de avanços do acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo palestino Hamas. Já as cotações do minério de ferro voltaram a subir, apoiadas por perspectivas de mais medidas de estímulo na China, que promete ações também para estabilizar o yuan. Em dezembro, os bancos chineses liberaram 990 bilhões de yuans (US$ 135 bilhões) em novos empréstimos, um salto em relação aos 580 bilhões de yuans repassados em novembro

“O dólar segue em queda global, refletindo dados de inflação mais brandos e a sinalização de gradualismo de Trump na aplicação de tarifas, o que diminui a aversão ao risco, dando suporte para moedas de países emergentes”, afirma o economista André Galhardo, consultor econômico da plataforma de transferência internacional Remessa Online.

Integrantes da equipe econômica do presidente eleito dos EUA discutem a possibilidade de promover aumento gradual de tarifas como forma de fortalecer a posição dos EUA nas negociações como outros países e evitar um repique da inflação, segundo informações da Bloomberg.

Do lado dos indicadores, o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos subiu 0,2% em dezembro e 3,3% em 2024, abaixo das expectativas dos analistas. O núcleo do índice – que exclui itens voláteis – permaneceu estável em dezembro, aquém do esperado (0,2%).

“Os componentes que afetam o PCE foram razoavelmente moderados. Isso favorece um PCE abaixo do previsto”, afirmou, em relatório, o diretor de estratégia para renda fixa do Schwab Center for Financial Research, em referência ao indicador de inflação preferido do Federal Reserve, que será publicado em 31 de janeiro.

Investidores aguardam a divulgação, amanhã, do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos EUA para refinar as apostas para os próximos passos do Fed. Ferramenta de monitoramento do CME Grupo mostra que o cenário mais provável é de uma redução adicional de 25 pontos-base na taxa básica americana neste ano, com cerca de 40% de probabilidade.

Analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast estimam que o CPI subiu 0,3% em dezembro na comparação com novembro, de acordo com a mediana de 25 projeções coletadas. Na taxa anual, a previsão mediana é de alta de 2,9% no período. Esses números representariam repetição da variação mensal de novembro e aceleração na comparação anual.

“O CPI americano pode validar a expectativa de inflação mais branda. Se vier abaixo do esperado, há grande chance de consolidação dessa queda do dólar. Se vier acima, o mercado tende a reagir com estresse de curto prazo”, afirma Galhardo, da Remessa Online.

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