Garota, eu não vou para a Califórnia

Incêndios consomem florestas e residências

Aida Franco de Lima – OPINIÃO

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A música De repente Califórnia foi lançada em 1981 como single, na versão gravada por Ricardo Graça Mello para compor a trilha sonora do filme Menino do Rio (1982). E no ano seguinte a música ‘bombou’, no LP de Lulu Santos, Tempos Modernos. Fala de um lugar paradisíaco, lugar dos artistas de cinema, onde o vento beija os cabelos.

Mas hoje, em pleno 2025, em tempos de emergências climáticas, o cenário é devastador. Lembra cinema, mas de filme apocalíptico. Os incêndios, que antes eram ‘apenas’ florestais, na Califórnia – EUA, estão engolindo mansões, obrigando a evacuação de milhares de moradores, transformando histórias de vidas em cinzas. No condado de Los Angeles, a tragédia aumenta com 16 óbitos até o momento, com um número ainda não confirmado de moradores e socorristas feridos. São mais de 80 mil pessoas desabrigadas, mais de 14.500 hectares queimados, – uma área total maior que o tamanho de Miami. A Nasa registrou fotos do incêndio, visto do espaço. Fauna e flora devastadas.

As primeiras chamas surgiram na manhã do dia 7, em uma região rica, denominada Pacific Palisades, que brotou entre o Oceano Pacífico e Santa Mônica. E enquanto os bombeiros tentavam conter as chamas, outros três grandes incêndios também já aconteciam simultaneamente na região.

De acordo com especialistas, o motivo destes incêndios está relacionados aos fortes ventos de Santa Ana. Secos, quentes, é como se fossem um grande secador de cabelos, devorando a umidade e espalhando rajadas de calor.

A intensidade destes ventos pode variar de 95 a 130 km por hora, o que já é bastante preocupante, mas pode chegar até mesmo a 160 km por hora, em momentos mais extremos.

Na noite de quarta-feira, 8, em dado momento não havia mais água em nenhum hidrante de Pacific Palisades. As autoridades alegam que não havia previsão de tamanha catástrofe com tanta demanda de água.

Os bombeiros falam sobre o fogo como se ele estivesse vivo, diz Mark Thiessen, fotógrafo da equipe da National Geographic. “Pude ver como eles se sentem assim devido à maneira como o fogo se move e à sua ferocidade; ele só desiste quando o vento para.”

Interferência na natureza, falta de chuva e ventos fortes formam a tempestade perfeita. O que até um período fazia parte do calendário, até porque parte da vegetação depende do fogo para renascer, literalmente, das cinzas, hoje é sinônimo de catástrofe fora do controle. O final do fogaréu, depende de os ventos deixarem de soprar. Os bombeiros não conseguem competir com a força da natureza.

Enquanto isso, nas redes sociais, quem ainda nega as crises climáticas, acha um jeito de arrumar qualquer outro motivo para justificar os incêndios alarmantes. Como o presidente eleito, Donald Trump. Para botar mais lenha na fogueira, ele espalha mentiras em suas redes sociais, dizendo que a culpa da dimensão dos incêndios, seria de um peixe, de menos de 7 centímetros, o Delta smelt, que para ele é inútil. Na sua cabeça, a proteção do peixe, em extinção na natureza, e que serve para indicar o nível de preservação de um ambiente, não presta para nada e protegê-lo, fez com que a quantidade de água destinada para a região diminuíssem. Especialistas negam que este seja o motivo, mas a mentira, tal qual o fogo, espalha rapidamente.

Dia 20 de janeiro Trump toma posse. O presidente que nega que os eventos climáticos extremos são em virtude do impacto do homem sob a natureza, e que somente reduzindo os níveis de poluição é possível reverter esse quadro, já vai assumir com uma grande batata quente nas mãos. Resta saber se vai tomar iniciativas para apagar os incêndios, ou provocar ainda mais, com suas falas e ações pra lá de polêmicas. Alguém aposta na primeira alternativa? Eu não.

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